Sem laudos atualizados, barragem força retirada de moradores em Brumadinho
- Moisés Oliveira

- 24 de jul.
- 2 min de leitura

Cerca de 40 moradores da zona rural de Brumadinho estão sendo retirados de suas casas após o aumento do nível de emergência de uma barragem pertencente à mineradora EMICON, localizada na região da Serra da Conquista. A elevação para o nível 2, determinado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), levou a uma evacuação imediata em caráter preventivo. Embora o órgão federal afirme que não há sinais visíveis de rompimento, o risco é considerado elevado devido à ausência de estudos recentes sobre a estabilidade da estrutura. A situação reacende o medo entre os brumadinhenses, que ainda carregam as marcas da tragédia de 2019.
A barragem em questão está situada na sub-bacia do Córrego dos Quéias, nas proximidades da BR-381, do lado oposto da cidade. Desde a notificação emitida pela ANM, a Defesa Civil de Brumadinho passou a comunicar os moradores da chamada Zona de Autossalvamento (ZAS), área onde não há tempo hábil para intervenção das autoridades em caso de rompimento. Apesar de não ter sido registrada nenhuma anomalia crítica na estrutura, a ANM justificou a medida como necessária, uma vez que os documentos técnicos sobre a barragem estão desatualizados, impedindo uma avaliação precisa sobre sua segurança.
A Prefeitura de Brumadinho respondeu à situação montando um Centro Estratégico Municipal para acompanhar a ocorrência, coordenar as ações de emergência e prestar suporte às famílias afetadas. Já a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (AVABRUM) manifestou profunda indignação diante do cenário, classificando a situação como mais um exemplo da negligência persistente que envolve a mineração em Minas Gerais.
Em nota oficial, a entidade cobrou ações urgentes das autoridades públicas e responsabilização da EMICON. Segundo a AVABRUM, a empresa mantinha uma estrutura de altíssimo risco sem os devidos mecanismos de prevenção, mesmo após os crimes ambientais ocorridos em Mariana e Brumadinho. A associação afirmou que o episódio escancara os retrocessos recentes na legislação mineira, como o adiamento de prazos para desativação de barragens perigosas e a flexibilização de normas ambientais que facilitam novos licenciamentos para empreendimentos minerários.
A AVABRUM também elencou uma série de reivindicações às autoridades, exigindo maior rigor na fiscalização, a revisão imediata dos planos de segurança da barragem em questão e a inclusão de especialistas independentes nas vistorias. Também reforçou a necessidade de comunicação clara com a população e de medidas preventivas verdadeiramente eficazes, que rompam com a lógica paliativa historicamente adotada no setor mineral.
A crise atual expõe, mais uma vez, a frágil relação entre a mineração e a segurança pública em Minas Gerais. Para a população de Brumadinho, qualquer sinal de risco relacionado a barragens desperta sentimentos profundos de medo e revolta. Mesmo com todas as promessas de mudança feitas após a tragédia de 2019, os moradores voltam a conviver com a insegurança e com a sensação de abandono. A cobrança por responsabilidade e transparência volta à tona, junto da urgência por políticas que priorizem a vida acima do lucro.


















.png)

Comentários