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Manifesto denuncia riscos da mineração à água e à vida na região da Jangada

  • Foto do escritor: Moisés Oliveira
    Moisés Oliveira
  • há 2 horas
  • 3 min de leitura
Foto: INSTITUTO CORDILHEIRA
Foto: INSTITUTO CORDILHEIRA

Moradores de Brumadinho e de comunidades diretamente impactadas pela mineração lançaram um manifesto público e um abaixo-assinado na plataforma Change.org pedindo a paralisação imediata das atividades de extração mineral na Mina da Jangada, localizada próxima ao Córrego do Feijão, área marcada pela maior tragédia socioambiental da história do município. O documento, intitulado “Manifesto de Brumadinho: Jangada Água Viva”, alerta para os riscos iminentes às nascentes que abastecem a região, denuncia a retomada das operações minerárias em 2025 e cobra providências urgentes do poder público e das empresas envolvidas, em defesa da segurança hídrica, da vida e do futuro das comunidades locais.

O manifesto é assinado por entidades comunitárias e movimentos sociais que representam moradores da Jangada, do Córrego do Feijão e de Casa Branca, territórios historicamente impactados pela atividade minerária desde a década de 1970. Segundo o texto, a retomada da exploração de minério de ferro pela Vale S.A. e pela Itaminas no Complexo Paraopeba II reacende o medo e a insegurança em uma região ainda profundamente marcada pelo rompimento da barragem em janeiro de 2019, que matou 272 pessoas, contaminou cursos d’água, destruiu modos de vida e deixou feridas abertas que seguem sem completa reparação.

As organizações denunciam que a expansão prevista para a Mina da Jangada ameaça diretamente nascentes fundamentais para o abastecimento humano, especialmente em um contexto de crise climática e escassez hídrica. A cava da mineração estaria a menos de dois quilômetros das fontes de água que abastecem comunidades inteiras, cuja rede de distribuição foi construída e é mantida pelos próprios moradores, por meio de autogestão comunitária. Para os signatários, a continuidade das operações coloca em risco não apenas o presente, mas a sobrevivência futura da população local.

O documento também questiona a validade e a legitimidade do licenciamento ambiental utilizado para embasar as atividades atuais. A licença foi concedida em dezembro de 2018, apenas 45 dias antes do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, com base em estudos considerados defasados e realizados em um cenário completamente distinto do atual. Após a tragédia, uma perícia da Polícia Federal apontou falhas graves no processo de licenciamento, como omissão de informações relevantes, análise superficial dos impactos e facilitação indevida da aprovação por parte do Estado.

Outro ponto destacado é a falta de transparência. De acordo com o manifesto, a população não teve acesso aos detalhes do projeto atualmente em curso. Pedidos formais de informação foram feitos às empresas e a órgãos públicos, mas as respostas, quando ocorreram, foram classificadas como evasivas ou insuficientes. A Prefeitura de Brumadinho e a Itaminas, segundo os moradores, sequer responderam às solicitações, enquanto o Ministério Público de Minas Gerais segue avaliando o caso.

O histórico das empresas envolvidas também é citado como fator de preocupação. A Itaminas, atual operadora da mina, já esteve ligada a um grave acidente em Itabirito, em 1986, quando o rompimento de uma barragem matou sete trabalhadores. Além disso, o manifesto relembra que profissionais responsáveis por atestar a segurança de estruturas minerárias na região acabaram se tornando réus em processos criminais relacionados à tragédia de Brumadinho, com punições administrativas aplicadas por órgãos de classe.

Diante desse cenário, os moradores e organizações pedem a paralisação imediata das atividades na Mina da Jangada, a realização de estudos ambientais e hidrológicos independentes e atualizados, com ampla participação popular, e o fechamento definitivo das minas da Jangada e do Córrego do Feijão. O documento também exige um plano transparente de desativação, com descomissionamento seguro das estruturas remanescentes, proteção permanente das nascentes e investimentos em projetos sociais e na transição econômica da região.

O manifesto é direcionado ao Governo de Minas Gerais, à Prefeitura de Brumadinho, à Vale, à Itaminas, ao Ministério Público Estadual, à União e à Agência Nacional de Mineração. Para os signatários, a defesa da água é inegociável e representa a defesa da vida, da memória das vítimas e do direito das futuras gerações de viverem em um território seguro. A mobilização convida a população a assinar, compartilhar e fortalecer a luta pela preservação das serras, das nascentes e das comunidades de Brumadinho.



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