Operador de escavadeira recebe indenização por trauma em resgates em Brumadinho
- Moisés Oliveira

- 9 de out.
- 2 min de leitura

A Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Vale e o Consórcio Price a pagarem R$ 50 mil em indenização por danos morais a um operador de escavadeira que atuou na remoção de lama e escombros após o rompimento da barragem em Brumadinho. O colegiado entendeu que o trabalhador foi submetido a situações de morbidez ao presenciar e participar do resgate de corpos e fragmentos humanos, desenvolvendo graves transtornos psicológicos. A decisão unânime representa um importante reconhecimento jurídico dos impactos psicológicos sofridos por profissionais envolvidos na resposta ao desastre que marcou profundamente a comunidade brumadinhense.
Em sua reclamação trabalhista, o operador detalhou que foi contratado em fevereiro de 2019, apenas duas semanas após a tragédia, e permaneceu atuando no local até julho do mesmo ano. Durante esse período, testemunhou cenas traumáticas enquanto manipulava a escavadeira para retirar vestígios humanos da lama tóxica, além de ser obrigado a fazer suas refeições dentro da própria máquina devido às condições precárias do ambiente. O trabalhador descreveu o cenário como comparável a uma "zona de guerra", relatando que vivia com medo constante de um novo rompimento.
As empresas defenderam-se argumentando que o operador candidatou-se voluntariamente à vaga e tinha plena ciência das condições do trabalho. Alegaram ainda que seu pedido de demissão teria como objetivo obter indenização indevida e que seus problemas psicológicos seriam anteriores, relacionados à perda de um tio no acidente. A ministra relatora Liana Chaib, no entanto, rejeitou esses argumentos, ressaltando que a contratação ocorreu exclusivamente em decorrência do desastre e que a Vale deve responder integralmente por todas as repercussões do fato.
Para os brumadinhenses, a decisão judicial reforça a necessidade de reparação não apenas material, mas também psicológica para todos os afetados pela tragédia. A condenação estabelece um precedente significativo para outros trabalhadores que atuaram nas operações de resgate e limpeza e possam estar enfrentando sequelas emocionais semelhantes. O caso expõe as consequências humanas invisíveis do desastre, que continuam a impactar vidas mesmo anos após o rompimento da barragem.


















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