Profissionais do Samu ameaçam greve e cobram repasses em atraso pelo Estado
- Guilherme Almeida
- há 7 horas
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O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) retorna ao centro das discussões na Assembleia Legislativa de Minas Gerais em meio a alertas sobre possíveis paralisações que poderiam afetar diretamente o atendimento de emergência em Brumadinho e demais municípios mineiros. Uma audiência pública marcada para esta terça-feira (21) reunirá representantes do poder público e profissionais da saúde para debater questões críticas como o financiamento do serviço, a valorização dos trabalhadores e os constantes atrasos nos repasses do piso salarial da enfermagem. O debate ocorre em um contexto onde o Samu alcançou 95% de cobertura estadual, mas enfrenta sérios desafios para manter a qualidade do atendimento à população.
A situação financeira do serviço preocupa os profissionais que atuam na linha de frente do atendimento de emergência. De acordo com Núbia Roberta Dias, diretora do Sind-Saúde, mesmo após as ameaças de greve ocorridas em agosto, os problemas fundamentais permanecem sem solução. "O Governo de Minas não repassou o valor referente a 2023 do piso da enfermagem", revelou a sindicalista, destacando que melhorias temporárias na remuneração dos condutores socorristas não resolveram a questão central do financiamento adequado do serviço essencial para cidades como Brumadinho.
O modelo de financiamento tripartite - envolvendo União, Estado e municípios - tem se mostrado insuficiente para cobrir os custos operacionais do Samu. Consórcios intermunicipais relatam que a União cobre apenas 30% das despesas, percentual consideravelmente abaixo dos 50% originalmente previstos. Essa defasagem nos repasses federais teria levado o governo estadual a reduzir sua própria participação no custeio, criando um efeito cascata que prejudica a manutenção adequada do serviço em todas as regiões, incluindo a de Brumadinho.
Apesar dos desafios financeiros, o Samu expandiu significativamente sua cobertura em Minas Gerais. Recentemente, foi inaugurada a Central de Regulação do Samu Regional Médio Piracicaba em Itabira, elevando para 95% o percentual de municípios mineiros atendidos pelo serviço. De acordo com o secretário estadual de Saúde, Fábio Baccheretti, a meta é alcançar 100% de cobertura até dezembro deste ano com a abertura de uma nova base em Uberaba, o que tornaria Minas Gerais o primeiro estado brasileiro a oferecer atendimento pelo número 192 em todo seu território.
Para os moradores de Brumadinho, que dependem do Samu para situações de emergência médica, a possibilidade de paralisações ou redução na qualidade do serviço representa uma grave preocupação. O atendimento rápido e qualificado em situações críticas pode fazer a diferença entre a vida e a morte, especialmente em um município que possui áreas rurais e distantes dos centros hospitalares. A audiência na ALMG surge como uma oportunidade crucial para buscar soluções permanentes que garantam a sustentabilidade do serviço e, consequentemente, a segurança da população brumadinhense em momentos de urgência médica.
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