Parque Rola-Moça usa rastreamento por satélite para proteger animais silvestres
- Moisés Oliveira
- há 2 dias
- 2 min de leitura

Uma iniciativa tecnológica inovadora está transformando a conservação da fauna silvestre no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, unidade de conservação que se estende por Brumadinho e outros municípios da região metropolitana. Através da instalação de coleiras com rastreamento por satélite em animais como lobo-guará, jaguatirica e onça-parda, pesquisadores conseguem acompanhar em tempo quase real o comportamento e deslocamento dessas espécies, gerando informações preciosas para políticas de proteção ambiental. O programa representa um avanço significativo no monitoramento da biodiversidade local, especialmente em uma área sob forte pressão urbana e minerária como a que envolve Brumadinho.
O procedimento de captura e monitoramento é realizado com extremo cuidado para garantir o bem-estar animal. As equipes especializadas executam capturas rápidas onde o animal é sedado por breve período, submetido a exames clínicos, coleta de material biológico e pesagem, sendo devolvido ao seu habitat natural em menos de uma hora. Segundo Joaquim Silva, biólogo coordenador do programa, essa agilidade é fundamental para minimizar o estresse nos animais enquanto maximiza a coleta de dados científicos essenciais para compreender a ecologia das espécies em vida livre.
As coleiras utilizadas possuem tecnologia de ponta, adaptando-se ao porte de cada animal e transmitindo informações via satélite em intervalos regulares. Um mecanismo inteligente de liberação automática garante que o equipamento se desprenda do animal após até dois anos de monitoramento, sem causar qualquer dano. Essa inovação permite aos pesquisadores acompanhar padrões de comportamento antes impossíveis de observar, identificando momentos de repouso, caça e deslocamento através de diferentes tipos de vegetação presentes no parque.
Para Brumadinho, cidade que abriga parte significativa do Parque Rola-Moça, os dados coletados têm especial relevância. A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, destaca que a unidade de conservação representa uma área de Cerrado de extrema importância pela particularidade de ser um parque urbano. O monitoramento fortalece as estratégias de proteção da fauna não apenas dentro dos limites do parque, mas também em suas zonas de amortecimento, áreas fundamentais para a conectividade ecológica na região.
As informações geradas pelo programa alimentam um banco de dados compartilhado com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros, integrando-se a redes nacionais e internacionais de especialistas. Henri Collet, gerente do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, enfatiza que a prioridade absoluta é preservar a integridade física e o bem-estar dos animais durante todo o processo. O estudo se revela particularmente valioso por ocorrer em uma região marcada pela proximidade com rodovias, empreendimentos urbanos e atividades de mineração, contextos que afetam diretamente a vida silvestre em Brumadinho e municípios vizinhos.
Os resultados obtidos através do monitoramento já estão contribuindo para o planejamento territorial e o fortalecimento de políticas ambientais na região. A compreensão sobre como os animais desenvolvem estratégias de sobrevivência nesse ambiente sob pressão permite integrar melhor o planejamento ambiental às realidades socioeconômicas locais. Essa abordagem inovadora garante a manutenção dos ecossistemas e dos serviços ambientais essenciais, assegurando que as futuras gerações de brumadinhenses possam continuar desfrutando da rica biodiversidade que caracteriza o Parque Rola-Moça.
Comentários