top of page

Eletricista morre eletrocutado em mineradora de Brumadinho; caso está sob investigação

  • Foto do escritor: Talles Costa
    Talles Costa
  • 7 de ago.
  • 3 min de leitura
Foto: Redes Sociais
Foto: Redes Sociais

Um eletricista de 37 anos morreu após sofrer um choque elétrico enquanto trabalhava em uma unidade da AVG Mineração, em Brumadinho, na última segunda-feira, 4 de agosto. O trabalhador, identificado como W.I.F.L., havia completado aniversário no dia anterior. Ele chegou a ser socorrido por colegas de serviço e por uma equipe do Samu, mas não resistiu. O caso levantou questionamentos sobre as condições de segurança nas atividades operacionais da mineradora, que tem atuação expressiva no município.

A vítima sofreu a descarga elétrica durante seu turno de trabalho, nas dependências da empresa. Ainda não se sabe a voltagem exata que atingiu o eletricista, mas informações preliminares apontam que seria em torno de 400 volts. Ele recebeu os primeiros socorros de funcionários da própria empresa e foi transferido em um veículo da mineradora, que foi interceptado pelo Samu no trajeto. A equipe médica realizou os procedimentos de reanimação, mas o trabalhador já se encontrava em parada cardiorrespiratória. Encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Brumadinho, ele não resistiu.

A morte precoce de um trabalhador jovem, no auge de sua capacidade produtiva, gerou indignação entre colegas, familiares e moradores da cidade. Muitos questionam as condições de trabalho impostas nas mineradoras que operam em Brumadinho. De acordo com relatos apurados pela equipe do Portal Independente, o funcionário estaria atuando sozinho no momento da descarga elétrica, o que, segundo especialistas do setor, não é permitido em serviços de risco elevado como o da manutenção elétrica em ambientes industriais.

Ex-funcionários e pessoas ligadas à operação da empresa relataram, sob condição de anonimato, que há sobrecarga de tarefas e falhas recorrentes no cumprimento das normas de segurança. Alguns apontam que há pressão por produtividade e que práticas básicas de proteção nem sempre são seguidas à risca, apesar do discurso oficial da companhia.

A AVG Mineração, em resposta enviada à redação, declarou que está "consternada com o ocorrido" e afirmou que presta apoio aos familiares e amigos da vítima. A empresa informou ainda que está conduzindo uma apuração interna para esclarecer os fatos.

Com operações em Brumadinho e Itatiaiuçu, a AVG Mineração atua na extração e beneficiamento de minério de ferro. Em Brumadinho, opera a unidade EMESA, com capacidade anual de produção de 4 milhões de toneladas de ROM (Run-of-Mine). A companhia também mantém parceria com a Agéo na empresa Itaminas, que tem interesse em ampliar sua atuação no setor.

Nos últimos dias, em uma publicação feita no LinkedIn, a empresa exaltou sua "Cultura de Segurança", dizendo que valoriza práticas seguras e reconhece funcionários que se destacam nesse quesito. A postagem dizia: “Segurança é um valor essencial e está presente em cada detalhe do nosso dia a dia.” No entanto, para moradores e trabalhadores de Brumadinho, fica o questionamento: será que esse compromisso com a segurança se limita às redes sociais?

Brumadinho tem convivido, há anos, com os impactos das atividades minerárias. Desde o rompimento da barragem da Vale, em 2019, que matou 272 pessoas, o debate sobre segurança e responsabilidade nas operações dessas empresas ganhou contornos dramáticos. A morte do eletricista reacende o alerta e a necessidade de vigilância constante para que o trabalho não custe vidas.

A tragédia de segunda-feira não pode ser apenas mais uma estatística. Os moradores de Brumadinho, que já carregam o peso de outras dores, exigem respeito, transparência e, acima de tudo, compromisso real com a vida humana.


Comentários


Anuncie Apoio_edited.jpg
Anúncio quadrado - Independente (3).png
Anúncio quadrado - Independente.png
bottom of page