Documentário mineiro expõe camadas históricas da mineração em MG
- Moisés Oliveira

- há 8 horas
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O documentário "Rejeito", produção da Descoloniza Filmes que investiga as profundas consequências dos rompimentos de barragens em Minas Gerais, terá sua sessão especial de estreia em São Paulo nesta quarta-feira (30), antes de chegar aos cinemas de todo o país. Dirigido por Pedro de Filippis e produzido pela Enquadramento Produções, o filme resulta de quatro anos de trabalho e constrói uma narrativa que ultrapassa a simples denúncia das tragédias de Mariana e Brumadinho, focando nas relações entre território, rios e comunidades afetadas pela mineração. A exibição no Cinesystem Frei Caneca contará com a presença do diretor para um debate com o público, oferecendo um olhar aprofundado sobre realidade que conhecem bem os brumadinhenses que vivenciaram na pele os impactos do rompimento da barragem da Vale em 2019.
A obra acompanha personagens reais diretamente impactados pelos desastres ambientais e pesquisadores que estudam o tema, registrando momentos emblemáticos que revelam as múltiplas camadas do problema. De acordo com o diretor, o filme busca compreender as complexas relações entre as comunidades e seus territórios, evitando a espetacularização das tragédias para focar na análise do modelo de exploração mineral que permanece ativo atualmente. "O tema central do filme é sobre território, sobre relação com o rio, com a terra", explica Filippis, destacando que a produção não se limita aos episódios de Mariana e Brumadinho, mas examina um sistema que continua representando riscos para diversas comunidades mineiras.
Durante sua trajetória por mostras e festivais, "Rejeito" acumulou reconhecimento internacional através de diversos prêmios, comprovando a relevância e qualidade da abordagem proposta. A estratégia de lançamento inclui não apenas a circulação comercial em salas de cinema, mas também exibições especiais em universidades, escolas, equipamentos culturais e eventos temáticos sobre questões sociais e ambientais. Essa distribuição ampliada visa garantir que o documentário cumpra seu papel social, especialmente nas comunidades que continuam sob risco constante de rompimento de barragens em Minas Gerais.
Para os moradores de Brumadinho, o documentário representa mais do que um registro histórico - é um espelho de suas próprias experiências e lutas. A produção chega em um momento crucial, quando muitas famílias ainda buscam reparação integral pelos danos sofridos e lutam por justiça cinco anos após a tragédia que matou 272 pessoas e causou um dos maiores desastres ambientais do país. O filme promove uma reflexão necessária sobre o custo humano do modelo de desenvolvimento baseado na mineração em larga escala.
A sessão de estreia em São Paulo marca o início de uma jornada que deve levar as histórias dos atingidos por barragens para um público mais amplo, contribuindo para manter viva a memória das tragédias e alertando sobre os riscos que persistem. Para Brumadinho e outras cidades mineiras que convivem com a mineração, "Rejeito" se apresenta como ferramenta importante de conscientização e resistência, dando voz àqueles que normalmente não teriam espaço na grande mídia para contar suas versões dos fatos.


















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