Corte de rabo em cães ainda persiste em Brumadinho, apesar de proibição
- Talles Costa
- 9 de jul.
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Apesar da proibição no Brasil sem justificativa clínica, o corte de rabo em cães ainda é praticado em diversas cidades, inclusive em Brumadinho. A prática, considerada mutilação pelas autoridades veterinárias, contraria a legislação vigente, que trata como maus-tratos qualquer intervenção sem necessidade médica. Mesmo assim, o hábito persiste, muitas vezes motivado por padrões estéticos antigos ou desconhecimento por parte dos tutores.
A caudectomia é condenada por órgãos como o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que desde 2016 determina que o procedimento só pode ser realizado mediante indicação clínica formal. A Organização Mundial de Saúde Animal também desaprova a prática, apontando que ela pode gerar dor, desconforto, complicações pós-operatórias e prejuízos comportamentais aos animais.
Em Brumadinho, relatos de cães com caudas cortadas ainda são frequentes. Veterinários da região explicam que a cauda é essencial na comunicação dos cães, sendo utilizada para demonstrar emoções como medo, alegria e ansiedade. A retirada dessa parte do corpo compromete essa capacidade e pode afetar o comportamento dos animais, principalmente no convívio com outros cães e pessoas.
Além das dores imediatas e risco de infecções, o corte do rabo pode provocar consequências permanentes, como hipersensibilidade, dificuldades motoras e insegurança. No passado, o procedimento era associado à proteção dos cães de guarda e caça, que atuavam em ambientes de risco, mas hoje essa justificativa não se aplica à realidade da maioria dos pets.
Mesmo com o avanço da legislação, a fiscalização ainda é limitada. Muitos tutores seguem realizando a caudectomia de forma clandestina, especialmente em raças como Doberman, Cocker Spaniel e Boxer, influenciados por padrões visuais considerados “ideais” no passado. Em vários países da Europa, como Reino Unido e Alemanha, o corte de cauda é completamente proibido, inclusive com punições mais rígidas que no Brasil.
Para especialistas da área, a mudança de cultura depende de ações educativas e campanhas de conscientização sobre os direitos e o bem-estar dos animais. Em Brumadinho, entidades e ativistas têm feito denúncias e atuado na proteção de animais mutilados. O apelo é para que tutores recusem práticas que tragam sofrimento aos cães e busquem informações com profissionais habilitados antes de submeter os pets a qualquer procedimento invasivo.
A legislação brasileira, por meio da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), considera crime qualquer mutilação ou maus-tratos a animais, prevendo punições que vão de multa a detenção. A tendência no mundo moderno é promover uma convivência mais ética e empática com os animais, abandonando práticas estéticas que não agregam à saúde e ao bem-estar deles.
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