Audiência na ALMG debate saúde dos atingidos por barragem da Vale
- Talles Costa
- há 3 dias
- 2 min de leitura

A saúde da população afetada pelo rompimento da Barragem B1, da mineradora Vale, volta ao centro das atenções nesta terça-feira (29), com uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião, promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, busca discutir o impacto socioambiental e sanitário sobre os atingidos e analisar os dados mais recentes de estudos conduzidos pela Fiocruz Minas e pela UFRJ, que indicam presença de metais pesados no organismo de moradores, especialmente entre adultos e crianças de Brumadinho.
O encontro, que ocorre no Auditório José Alencar, foi solicitado pela deputada estadual Bella Gonçalves (Psol), que já acompanha o tema em seu mandato. Ela destaca que, além dos danos materiais e sociais causados pela tragédia de 2019, os efeitos sobre a saúde da população atingida têm sido permanentes e exigem ações específicas e coordenadas do poder público.
Segundo os estudos realizados pela Fiocruz e pela UFRJ, há registro de contaminação por metais como arsênio, chumbo, cádmio, mercúrio e manganês. Exames de sangue e urina apontaram que cerca de 20% das amostras analisadas entre adultos continham arsênio acima dos valores de referência. Em adolescentes, o índice variou, alcançando também os 20,4% dependendo da região de moradia.
Os pesquisadores vêm monitorando os atingidos desde 2021, como parte do Programa de Ações Integradas em Saúde de Brumadinho, que tem apoio do Ministério da Saúde. O estudo se divide em duas frentes: uma dedicada à população acima de 12 anos e outra voltada para crianças de 0 a 6 anos, conhecida como Projeto Bruminha. Mesmo com uma leve queda nos índices de 2023 em comparação com 2021, os resultados revelam que a exposição segue presente em diversas áreas do município.
Além da contaminação química, o levantamento também analisa a saúde mental dos moradores, a percepção subjetiva sobre sua própria saúde e o uso de serviços de saúde. A audiência pretende servir como um espaço de escuta e articulação para novas medidas públicas voltadas ao enfrentamento dessa crise sanitária.
Representantes de diversas instituições foram convocados para o debate, incluindo Ministério da Saúde, Secretaria de Estado de Saúde, Ministério Público, Fiocruz Minas, UFRJ, Conselho Estadual de Saúde, Prefeitura de Brumadinho e Instituto Guaicuy. Também participam membros do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e do Projeto de Assessoria Técnica Independente da Bacia do Paraopeba.
A tragédia em Brumadinho, que vitimou 272 pessoas, segue impactando a vida de milhares de moradores da região. Os estudos apresentados mostram que o dano ambiental ultrapassa o campo físico e continua refletido nas condições de saúde da população. A expectativa é que a audiência contribua para pressionar a adoção de políticas públicas mais eficientes, voltadas ao cuidado das famílias atingidas.
Commentaires