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Abraço pela vida: manifestação no Topo do Mundo defende água e Serra da Moeda

  • Foto do escritor: Talles Costa
    Talles Costa
  • 19 de abr.
  • 2 min de leitura
Foto - ONG Abrace a Serra da Moeda/Divulgação
Foto - ONG Abrace a Serra da Moeda/Divulgação

Em sua 18ª edição, o tradicional protesto organizado pela ONG Abrace a Serra da Moeda retorna ao Topo do Mundo, no distrito de Casa Branca, em Brumadinho, com uma pauta cada vez mais urgente: a preservação da água e da biodiversidade local. Com o tema “A água nos une, juntos pela vida”, o evento visa chamar a atenção da sociedade e das autoridades para os impactos ambientais causados por grandes empreendimentos, como mineradoras e empresas multinacionais, que comprometem diretamente o abastecimento de comunidades da região.

O ato simbólico ocorre na próxima segunda-feira, feriado de Tiradentes, a partir das 10h. O ponto alto será ao meio-dia, quando os participantes formarão um cordão humano no topo da Serra da Moeda em um abraço coletivo à paisagem. A expectativa da organização é de reunir aproximadamente 3 mil pessoas no local, com apoio logístico de ônibus gratuitos partindo de diversas regiões de Brumadinho.

Entre os principais pontos de denúncia do protesto estão os impactos causados pela Mina da Serrinha, adquirida pela Vale, e pela Mina Pau Branco, operada pela Vallourec. A primeira ameaça rebaixar o lençol freático da Mãe D’Água, nascente vital para localidades como Córrego Ferreira, Recanto da Serra, Jardins e Retiro do Chalé. Já a segunda, após intensificação da produção, representa um risco iminente à segurança da comunidade de Piedade do Paraopeba, em virtude da barragem Santa Bárbara.

Estudos conduzidos pelo Departamento de Geologia da UFMG, contratados pelo IGAM, apontam que o aquífero Cauê, que abastece a serra, já perdeu 90 metros de profundidade entre 1999 e 2019 e poderá perder mais 10 metros até 2039. A extração de água tem superado a recarga natural, evidenciando um desequilíbrio hídrico alarmante.

Além da mineração, o ato também volta a cobrar providências da Coca-Cola, cuja fábrica em Itabirito consome mais de 2 milhões de metros cúbicos de água por mês, agravando a escassez em localidades como Suzana e Campinho, em Brumadinho. Apesar de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado entre a empresa e órgãos públicos, moradores denunciam que a compensação financeira de R$ 800 mil não garante protagonismo local nem consulta pública efetiva.

Outro foco de críticas é o megaempreendimento CSul, planejado para abrigar até 200 mil pessoas na região da Lagoa dos Ingleses, com previsão de captação hídrica diretamente do aquífero da serra. A licença ambiental foi concedida sem estudos detalhados sobre o impacto hídrico, o que motivou questionamentos judiciais por parte da ONG e do Ministério Público.

Com apresentações culturais, incluindo o cantor quilombola Rei Batuque, o evento pretende unir arte e ativismo em defesa da vida, das águas e do futuro das próximas gerações. Para os organizadores, os recursos naturais da Serra da Moeda não podem continuar sendo explorados indiscriminadamente por poucos, às custas do sofrimento e da escassez enfrentada por muitos.


Foto - ONG Abrace a Serra da Moeda/Divulgação
Foto - ONG Abrace a Serra da Moeda/Divulgação

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