O mercado nacional de tilápia apresentou um comportamento atípico em novembro, com os preços mantendo trajetória de alta mesmo diante da tradicional redução na demanda característica do último trimestre. De acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a escassez do peixe disponível para comercialização tem sustentado as cotações em patamares elevados, pressionando tanto os produtores quanto os consumidores finais. Para os moradores de Brumadinho, que têm no peixe uma fonte importante de proteína, o cenário pode representar um ajuste no orçamento familiar, especialmente em um período de festas e reuniões.

Na região dos Grandes Lagos, que abrange áreas do Noroeste de São Paulo e da divisa com Mato Grosso do Sul, o valor pago ao produtor atingiu R$ 9,03 por quilo, uma valorização de 5,28% em relação a outubro. Esse movimento reforça a pressão sobre os custos de produção, afetando a rentabilidade dos piscicultores. No atacado, a alta foi ainda mais expressiva: o filé de tilápia congelado comercializado em São Paulo registrou aumento de 7,8%, chegando a R$ 32,22 por quilo.

Tradicionalmente, o último trimestre do ano registra menor procura por peixes, já que os consumidores brasileiros costumam direcionar seus gastos para carnes como frango, porco e bovina durante as festas de fim de ano. No entanto, a oferta restrita de tilápia tem se mostrado um fator determinante para a manutenção dos preços elevados, criando um cenário incomum para a época. Essa dinâmica pode estar relacionada a fatores como condições climáticas, custos de ração e logística, que impactam diretamente a disponibilidade do produto no mercado.

Para as famílias de Brumadinho, o aumento no preço da tilápia pode significar a necessidade de adaptação nos hábitos de consumo, seja reduzindo a frequência de compra, buscando alternativas proteicas ou priorizando cortes menos valorizados. Em um momento em que a inflação ainda preocupa, a alta em um alimento básico como o peixe soma-se a outras pressões sobre o orçamento doméstico, especialmente para a população de baixa renda.

Apesar do cenário desafiador, especialistas acompanham a evolução do mercado com atenção, já que a piscicultura tem se consolidado como uma atividade relevante no agronegócio brasileiro. A tilápia, em particular, é uma das espécies mais cultivadas e consumidas no país, e sua cadeia produtiva envolve desde pequenos produtores até grandes indústrias de processamento. A sustentação dos preços em patamares elevados, mesmo com a demanda mais fraca, indica que ajustes na oferta devem continuar influenciando as cotações nos próximos meses, refletindo-se também no varejo e no prato do consumidor final.