Produtores locais de cachaça sofrem impacto por crise de metanol no país
- Guilherme Almeida

- 24 de out.
- 2 min de leitura

Os recentes casos de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol em várias regiões do Brasil estão gerando um efeito em cadeia que atinge diretamente os produtores de cachaça artesanal de Brumadinho, que enfrentam queda nas vendas e dificuldades para se adequar às exigências legais. Enquanto a crise de reputação do setor se espalha, muitos alambiques familiares do município, alguns com tradição de gerações, lutam para manter suas atividades diante do aumento da fiscalização e da falta de recursos para regularização. Em resposta à situação, a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento está mobilizando uma equipe técnica para orientar os produtores rurais sobre adequações necessárias nos processos de produção, armazenamento e comercialização, visando preservar essa importante atividade econômica local.
A onda de fiscalização do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) tem resultado no fechamento de diversos estabelecimentos em Brumadinho, mesmo aqueles com reconhecida qualidade e procedência no mercado. A ausência de documentação e adequação técnica tem sido o principal obstáculo para os pequenos produtores, que não possuem condições financeiras para implementar todas as exigências regulatórias. Essa situação coloca em risco não apenas os negócios familiares, mas também postos de trabalho e uma tradição cultural que faz parte da identidade do município há décadas.
Diante deste cenário desafiador, a iniciativa da secretaria municipal surge como uma tentativa de equilibrar a necessária fiscalização com a preservação da atividade econômica. As ações de orientação técnica buscam capacitar os produtores para que possam atender aos requisitos legais sem precisar interromper suas atividades. O trabalho inclui desde adequações físicas nos espaços de produção e venda até a implementação de boas práticas de fabricação que garantam a qualidade e segurança dos produtos oferecidos aos consumidores brumadinhenses e visitantes.
Um estudo recente realizado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) traz dados reconfortantes para o setor. A análise de mais de 400 laudos emitidos pelo laboratório da instituição entre 2024 e 2025 revelou que as cachaças artesanais mineiras apresentam níveis de metanol significativamente abaixo do limite permitido pela legislação. O valor máximo encontrado foi de 1,47 mg/100 mL de álcool anidro, bem inferior ao limite de 20 mg/100 mL estabelecido pela regulamentação. Estes resultados comprovam a qualidade e segurança das cachaças produzidas em alambiques tradicionais como os de Brumadinho.
Apesar dos dados positivos, os produtores locais enfrentam o desafio de combater a desconfiança generalizada dos consumidores, que associam todas as bebidas artesanais aos casos de adulteração noticiados nacionalmente. A crise de reputação tem sido particularmente danosa para os pequenos produtores, que não dispõem de recursos para investir em campanhas de marketing ou certificações que comprovem a qualidade de seus produtos. Para Brumadinho, a preservação desta atividade vai além da questão econômica, representando a manutenção de um patrimônio cultural e histórico que contribui para a identidade e o desenvolvimento sustentável do município.


















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