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Preço da carne bovina deve impactar o bolso dos brumadinhenses nos próximos meses

  • Foto do escritor: Guilherme Almeida
    Guilherme Almeida
  • 13 de out.
  • 3 min de leitura
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Os brumadinhenses que apreciam um bom churrasco ou um bife no almoço precisam se preparar para sentir um impacto maior no bolso nas próximas semanas e meses. Um conjunto de fatores nacionais, incluindo uma mudança no ciclo de criação do gado e os efeitos residuais do período de estiagem, está pressionando os preços da carne bovina em todo o país, tendência que deve chegar aos açougues locais. A situação, analisada por especialistas do setor, não é passageira e deve influenciar o mercado pelo menos até 2026.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, o mês de outubro já registrou altas significativas no custo do boi gordo no estado de São Paulo e em outras praças pesquisadas. A instituição atribui parte dessa valorização ao tempo seco, que reduz drasticamente a qualidade e a disponibilidade de pastagens, fundamentais para a engorda do gado. Esse cenário climático, que historicamente afeta a pecuária, gera reflexos mesmo com a proximidade das chuvas.

Em cenários normais, a seca poderia até levar a uma oferta temporariamente maior de animais, como explica a analista de agronegócio do Sistema Faemg, Mariana Simões. Muitos produtores, enfrentando pastagens áridas e dificuldade para alimentar o rebanho, optam por enviar o gado para abate mais cedo como estratégia de manejo, já que nem todos têm condições de investir em ração à base de milho e soja para manter a nutrição. No entanto, o que se observa este ano é uma mudança mais profunda no ciclo pecuário.

Simões detalha que, entre 2024 e o primeiro semestre de 2025, o país registrou volumes recordes de abate de fêmeas – matrizes que seriam responsáveis por repor o rebanho. Esse movimento resultou em uma menor disponibilidade de bezerros e, consequentemente, de animais prontos para o abate no momento atual. "Nesse momento, a gente tem uma expectativa de uma possível recuperação de preços ao produtor, mas que também pode refletir para o consumidor em uma alta no preço do produto", afirma a especialista. A perspectiva é que esse cenário de oferta mais restrita e preços em recuperação se estenda ao longo de todo o ano de 2026.

Além do preço, a qualidade da proteína que chega à mesa do consumidor também pode ser influenciada pelo clima. O coordenador de bovinocultura da Emater-MG, Nauto Martins, explica que mesmo com um regime de chuvas mais regular, a qualidade do pasto no período seco é inferior. Isso afeta a terminação do gado – a fase final de engorda –, podendo resultar em uma carne com menor concentração de gordura intramuscular, o conhecido "marmoreio", que confere maciez e sabor. Produtos com essa característica podem, inclusive, ser negociados a preços menores no atacado por não atenderem a certos padrões de qualidade.

O efeito da estiagem se estende também à cadeia do leite, conforme aponta Martins. A aridez das pastagens reduz os sólidos no leite, comprometendo a qualidade final do produto. Com a produção mais baixa, a captação pelos laticínios e cooperativas diminui, o que historicamente leva a um aumento no preço para o consumidor final. Dessa forma, as famílias de Brumadinho podem sentir o reflexo do clima não apenas no açougue, mas também na hora de comprar o leite, unindo dois importantes itens da cesta básica em uma mesma tendência de custo elevado.

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