Pesquisa avalia presença de metais pesados no Rio Paraopeba e riscos à biodiversidade
- Moisés Oliveira
- 28 de mar.
- 2 min de leitura

O Rio Paraopeba, um dos principais cursos d'água impactados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, continua sendo alvo de estudos para avaliar os impactos ambientais da tragédia. Um recente biomonitoramento conduzido por pesquisadores da Unicamp e da Embrapa Meio Ambiente analisou os efeitos da contaminação sobre a fauna aquática e apontou a presença de metais pesados nos sedimentos, evidenciando riscos de longo prazo para o ecossistema.
A pesquisa teve como objetivo verificar a qualidade ambiental do sedimento em quatro pontos distintos do rio, com coletas realizadas em março de 2022. Os cientistas buscaram identificar a presença de elementos tóxicos, como ferro (Fe), manganês (Mn), cromo (Cr), níquel (Ni) e lítio (Li), e avaliar seus efeitos sobre organismos aquáticos. A análise utilizou três espécies bioindicadoras para medir a toxicidade da água e do sedimento.
Os resultados revelaram que os sedimentos coletados nas áreas situadas a jusante da barragem apresentaram altas concentrações de ferro e manganês. Embora os testes não tenham indicado toxicidade aguda para os organismos analisados, os pesquisadores alertam para os riscos subletais de longo prazo. Deformidades foram observadas na estrutura bucal das larvas de Chironomus sancticaroli, com taxa de 25% de anomalias em um dos pontos estudados, um indicativo de que a exposição a metais pode afetar o desenvolvimento das espécies.
Outro fator que pode influenciar a dispersão dos contaminantes é a dragagem do rio, observada no momento da coleta. Esse processo pode redistribuir elementos tóxicos, comprometendo ainda mais a qualidade da água e do sedimento. Os especialistas ressaltam que, mesmo sem efeitos imediatos aparentes, a contaminação pode se acumular ao longo dos anos, afetando a biodiversidade e colocando em risco as comunidades ribeirinhas que dependem do rio para subsistência.
O estudo reforça a necessidade de monitoramento contínuo e de medidas eficazes para minimizar os impactos da tragédia de 2019. A recuperação do Rio Paraopeba depende de estratégias que garantam a preservação do ecossistema e a segurança das populações locais que convivem diariamente com as consequências da contaminação.
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