Prefeitura denuncia Vale por lentidão na limpeza do Paraopeba: “500 metros em 6 anos”
- Talles Costa
- 2 de jul.
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Seis anos após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a Prefeitura do município denunciou a baixa efetividade das ações de reparação ambiental no Rio Paraopeba. Em vídeo publicado nesta terça-feira (2), a administração municipal afirma que apenas 500 metros do curso d’água foram efetivamente tratados até o momento — uma extensão ínfima diante da devastação causada. A crítica reacende a indignação dos moradores e autoridades locais com a lentidão das medidas de recuperação conduzidas pela mineradora.
A denúncia foi feita publicamente nas redes sociais da Prefeitura de Brumadinho, que mostrou imagens do trecho inicial do Rio Paraopeba ainda tomado por lama e resíduos. Técnicos da administração realizaram uma vistoria no local e constataram, segundo o vídeo divulgado, que a poluição persiste de forma severa mesmo na primeira parte do leito do rio, poucos metros após o ponto zero da tragédia de 2019.
O prefeito de Brumadinho, Gabriel Parreiras, falou com exclusividade ao Portal Independente sobre o cenário atual da bacia hidrográfica mais impactada pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão. Em tom de desabafo, Parreiras condenou o que considera descaso da mineradora com a vida ambiental do município. “É inacreditável que depois de seis anos do crime da Vale, nós temos que nos deparar com o Rio Paraopeba totalmente contaminado, ainda no primeiro quilômetro. É inaceitável que a Vale trabalhe com tanta morosidade para reparar minimamente um crime ambiental cometido por ela", declarou.

A declaração do prefeito também carrega uma crítica direta à lógica econômica da empresa. “Eu tenho absoluta certeza que se, no fundo desse rio, tivesse minério que ela pudesse vender, ele já estaria limpo há muito tempo”, completou. A fala expõe o sentimento de parte da população de que os interesses comerciais da mineradora continuam prevalecendo sobre os compromissos de responsabilidade socioambiental assumidos após a tragédia que vitimou 272 pessoas e causou impacto profundo na bacia do Paraopeba.
A Prefeitura afirmou que continuará cobrando, judicial e institucionalmente, ações concretas para recuperação efetiva do rio. O município também pede mais transparência por parte da Vale e reforça a necessidade de fiscalização ativa dos órgãos ambientais estaduais e federais.
Em comunicados por redes sociais, a mineradora informou que mantém investimentos na recuperação ambiental e na melhoria da qualidade da água do Paraopeba, além de executar projetos de compensação ambiental. No entanto, os dados apontados pela gestão municipal de Brumadinho evidenciam que os resultados práticos seguem abaixo do esperado.
O Rio Paraopeba, fonte vital para dezenas de cidades mineiras, continua sendo símbolo da dor, mas também da luta por justiça e reparação. Para os brumadinhenses, a demora na revitalização do leito fluvial é mais uma ferida aberta que insiste em não cicatrizar.

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