Nove projetos levam reservatórios e tratamento de água a 4 cidades; Brumadinhenses se queixam
- Moisés Oliveira
- 25 de jun.
- 2 min de leitura

O Governo de Minas Gerais, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública de Minas autorizaram, nesta semana, a execução de nove projetos que garantem acesso à água potável e ao reaproveitamento da água de chuva para Povos e Comunidades de Tradição Religiosa Ancestral de Matriz Africana (PCTRAMA) em quatro municípios da bacia do Paraopeba – Mateus Leme, Juatuba, Betim e São Joaquim de Bicas. As iniciativas, orçadas com recursos do Acordo de Reparação pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, nasceram de consultas populares com participação direta dos atingidos e incluem reservatórios, redes de distribuição e sistemas de tratamento. Embora a medida contemple 14 unidades territoriais tradicionais, representantes brumadinhenses criticam a ausência de obras semelhantes no próprio município que sofreu o desastre-crime de 2019 e cobram prioridade para soluções locais.
Os projetos – elaborados pela Vale e aprovados pela auditoria socioeconômica da Fundação Getulio Vargas – beneficiarão terreiros e centros culturais, entre eles Bakise Bantu Kasanje (Mateus Leme), Terreiro Vovó Maria Conga (Juatuba) e Ilê Axé Orixá Xangô (Betim). Segundo a secretária de Planejamento e Gestão, Silvia Listgarten, as obras simbolizam um avanço concreto da reparação, baseado em 33 reuniões de escuta ativa que definiram as demandas específicas de cada comunidade. Após a assinatura dos Termos de Compromisso, prefeituras e lideranças participaram de encontros de partida para alinhar cronogramas; 12 das 13 iniciativas em andamento já concluíram essa etapa.
Mesmo reconhecendo a importância dos investimentos, moradores de Brumadinho reclamam da falta de um projeto voltado ao acesso à água nas comunidades locais, lembrando que o município ainda enfrenta problemas de abastecimento e de qualidade hídrica desde o rompimento que matou 272 pessoas. Para eles, aplicar verba de reparação fora da cidade sem contemplar primeiro quem vive no epicentro da tragédia reforça a sensação de abandono. O Governo de Minas sustenta que novos lotes de projetos serão anunciados em breve e que Brumadinho permanece no radar das ações prioritárias.
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