'Nem toda amamentação é leve: repensando o que é nutrir um bebê'
- Redação Portal Independente
- 15 de ago.
- 3 min de leitura

Aleitamento materno não é sinônimo de amamentação. Vamos falar sobre saúde mental materna, vínculo e alternativas possíveis com respeito e verdade.
Sou Consultora em Amamentação e sempre que possível oriento, incentivo e preparo as famílias para vivenciar esse processo de forma consciente, respeitosa e informada. Acredito na amamentação, e invisto especialmente no preparo durante a gestação, porque sei o quanto isso faz diferença no puerpério. Mas, justamente por estar tão próxima da prática, vejo que nem sempre tudo acontece como idealizamos. O que quero deixar de recado aqui é que é possível defender a amamentação sem ignorar a realidade. E essa realidade inclui dores físicas, desafios emocionais, ausências de rede de apoio, frustrações, cesáreas urgentes, diagnósticos inesperados... Por isso, é fundamental ajustarmos nossas expectativas desde o positivo de gravidez. Se formos cuidadosas com nossas idealizações, conseguimos equilibrar entrega e limites, e viver a maternidade de um jeito mais leve e verdadeiro.
Quando falamos em amamentação, muitas imagens vêm à mente: uma mãe sorrindo, um bebê calmo, um momento mágico. Mas, entre o ideal e o real, há um abismo que poucas pessoas têm coragem de atravessar em voz alta.
É comum confundir os termos “amamentação” e “aleitamento materno”, como se fossem a mesma coisa, mas não são. E entender essa diferença pode aliviar muitas culpas e abrir espaço para escolhas mais conscientes e saudáveis.
Afinal, qual é a diferença?
Amamentar é o ato de dar o peito. Já aleitamento materno se refere à ingestão do leite da mãe, independentemente da forma: direto do peito, em copinho, colher ou mamadeira. Ou seja: é possível oferecer leite materno sem amamentar no peito.
E mais: há situações em que nem o leite materno é possível, e isso não faz ninguém menos mãe. Existem vínculos que nascem em outros contextos, e existe um bebê que precisa de alimento e afeto, mas também de uma mãe viva, saudável e emocionalmente amparada.
O peso da romantização
Quando o discurso é “leite materno a qualquer custo”, esquecemos de perguntar: a que custo? Uma mãe que sente dor física, culpa, solidão, que não dorme, que chora sozinha enquanto amamenta, precisa mais de apoio do que de palmas. Romantizar a amamentação sem oferecer suporte emocional, orientação prática e escuta ativa pode ser tão violento quanto negar seus benefícios.
E a fonoaudiologia com isso?
A Fonoaudiologia reconhece os benefícios da amamentação para o desenvolvimento orofacial, respiratório e da fala. Inclusive, atualmente as famílias já chegam ao consultório sabendo de praticamente todos os benefícios da amamentação. Mas a Fonoaudiologia também reconhece que uma mãe em sofrimento não consegue sustentar vínculo nem qualidade de presença.
Sabemos que o peito estimula músculos importantes, sim. Mas o bebê também se “nutre” com o o contato, o olhar, o acolhimento emocional. Isso pode acontecer de várias formas, com outros utensílios, com um pai, uma avó ou quem estiver disponível com afeto.
Uma mãe bem nutrida emocionalmente é a melhor fonte de vínculo. Alimentar o bebê é importante, claro. Mas manter a saúde mental da mãe é essencial.
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Gabriela Rios
Fonoaudióloga - Graduada pela UFMG | CRFa 6-10868
Atendimentos no Espaço Cuidar | SR, em Brumadinho Especialização em Neuroeducação
Consultora de Amamentação
Aperfeiçoamento em Desmame Gradual
Capacitação em ABA naturalista
31 9 99878800 | ga-rios@hotmail.com | Instagram
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