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Herói de quatro patas que atuou em Brumadinho é velado com honras após ser submetido à eutanásia

  • Foto do escritor: Guilherme Almeida
    Guilherme Almeida
  • 28 de jul.
  • 2 min de leitura
Foto: Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul/Divulgação
Foto: Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul/Divulgação

O cão Guapo, labrador do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, que atuou nas buscas por vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho, foi submetido à eutanásia nesta segunda-feira, 28 de julho, após o agravamento de um câncer agressivo com metástase. Aos 11 anos, já aposentado das operações de resgate, o animal vivia com seu tutor e parceiro de missões, o sargento Alex Sandro Brum, e passou seus últimos dias cercado de cuidados paliativos e carinho. O velório foi realizado no quartel do Corpo de Bombeiros de Santa Maria, seguido por um cortejo até a funerária, onde foi realizada a cremação.

Guapo tornou-se símbolo de bravura e sensibilidade ao longo de sua carreira como cão de resgate. Esteve presente em tragédias que marcaram o país, como o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro de 2019, a catástrofe das chuvas em Petrópolis (RJ) e as enchentes devastadoras que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024. Em todas essas operações, sua atuação foi decisiva na localização de corpos e sobreviventes, sendo reconhecido como peça fundamental nas equipes de salvamento.

O vínculo entre Guapo e Brumadinho não foi apenas técnico. O cão e seu tutor estiveram entre os primeiros a chegar à região logo após a lama soterrar casas, pessoas, animais e histórias inteiras. Desde então, o nome do labrador passou a integrar o imaginário de muitos brumadinhenses como símbolo de esperança em meio ao luto.

O sargento Alex Brum, seu companheiro inseparável, relatou que os sinais da doença surgiram há cerca de um mês e que, nos últimos dias, Guapo parou de aceitar até mesmo água. "O tumor era agressivo, já havia feito metástase, o que impossibilitou um tratamento do meu amigo para mudar o quadro. Me restaram medidas paliativas para dar conforto e muito carinho", lamentou o bombeiro. Segundo ele, Guapo foi acolhido com amor não apenas por ele, mas também por sua família — Letícia, Arthur e Davi —, que acompanharam de perto cada etapa da vida do cão.

Mesmo aposentado das operações, Guapo seguiu contribuindo com a sociedade. Participava de ações de cinoterapia no Hospital Universitário de Santa Maria, levando conforto a pacientes em tratamento, como fazia no campo ao aliviar o sofrimento de famílias em tragédias. Em 2024, ele foi homenageado pela Câmara Municipal de Santa Maria com uma Moção de Congratulação, reconhecendo seu legado inestimável ao serviço público.

A despedida com honras militares emocionou colegas de farda e voluntários. Ao final do velório, o sargento Brum prestou a última homenagem: "Meu grande amigo, cuida de mim daí. Um dia vamos nos encontrar e eu vou jogar bolinha no açude para você buscar, pode ter certeza."

Brumadinho, cidade marcada por perdas e pela força da reconstrução, reverencia com gratidão esse herói de quatro patas que, com seu faro e sua alma generosa, ajudou a encontrar vítimas e a dar respostas em meio à lama e à dor. Guapo se despede como um verdadeiro símbolo da empatia e da coragem em tempos sombrios.




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