FGV tenta corrigir falha de pagamento e remarca depósito para 23 de dezembro
- Moisés Oliveira

- há 1 dia
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A Fundação Getulio Vargas (FGV) confirmou uma nova tentativa de pagamento para os beneficiários do novo auxílio emergencial em Brumadinho que não receberam o valor na data prevista. Após uma falha operacional no crédito inicial de 17 de dezembro, um novo depósito será realizado na próxima terça-feira, 23 de dezembro, buscando regularizar a situação dos atingidos que ficaram sem o recurso essencial . O episódio, que afetou centenas de famílias, expõe mais uma vez a fragilidade e a insegurança que marcam o longo processo de reparação das vítimas do rompimento da barragem da Vale, mesmo após quase sete anos da tragédia.
O novo auxílio emergencial foi determinado por decisão judicial e integra as ações de reparação destinadas às famílias impactadas pelo desastre de janeiro de 2019 . Ele é operacionalizado pela FGV, que utiliza os cadastros existentes do antigo Programa de Transferência de Renda (PTR) . A expectativa era de que o primeiro repasse, referente ao mês de dezembro, ocorresse de forma automática e tranquila, mas relatos de não recebimento começaram a surgir logo após a data prometida . Beneficiários enfrentaram dificuldades para obter esclarecimentos, com denúncias de que a central de atendimento telefônico da FGV não completava as ligações ou não era atendida .
Diante do problema, a FGV emitiu um comunicado oficial no qual informa a nova data de crédito e atribui a falha ao processamento bancário, um procedimento que, segundo a entidade, pode ocorrer em operações de grande escala . A Fundação afirma estar adotando as providências necessárias junto à instituição financeira responsável para garantir a efetivação dos pagamentos residuais . Para muitos brumadinhenses, no entanto, a justificativa soa como um eco de problemas crônicos. O auxílio não é um complemento, mas a principal ou única fonte de renda para custear alimentação, medicamentos, contas básicas e deslocamento, especialmente em um período de fim de ano, quando as despesas aumentam e a necessidade de estabilidade é maior.
A FGV orienta os beneficiários com dúvidas a entrarem em contato pelos canais oficiais de atendimento, que incluem o call center (0800 032 8022), o e-mail documentosptr@fgv.br e postos de atendimento físico em Brumadinho e outras cidades da bacia do Paraopeba . O horário de funcionamento da central telefônica é de segunda a sexta, das 8h às 18h . No entanto, para muitos atingidos, o atendimento remoto não substitui a urgência de respostas claras e a garantia efetiva de que o dinheiro, fruto de uma longa batalha judicial por reparação, chegará às suas contas no prazo prometido.
O valor do benefício segue a tabela do antigo PTR, sendo meio salário-mínimo por adulto, um quarto por adolescente e um oitavo por criança. Familiares de vítimas fatais e residentes da chamada "Zona Quente" – áreas diretamente impactadas pelo rejeito – recebem valores integrais, correspondentes a um salário-mínimo por adulto . O programa não tem uma duração fixa predefinida, mas é financiado por um fundo de recursos destinados à reparação, com estimativa inicial de quatro anos de pagamentos . O direito ao benefício é concedido a quem comprova residência em área atingida, pertencimento a comunidades tradicionais da região, residência na Zona Quente ou ser familiar direto de uma vítima fatal, desde que a renda familiar total não ultrapasse dez salários-mínimos .
O atraso no pagamento resgata uma sensação amarga para a comunidade de Brumadinho: a lógica da incerteza. Mesmo após anos da tragédia, famílias seguem em um ciclo de espera por depósitos, conferência de extratos e busca por informações em canais de atendimento, tentando entender por que um direito reconhecido pela Justiça encontra tantos obstáculos para se concretizar na prática. A nova tentativa de pagamento marcada para 23 de dezembro é, mais do que uma correção técnica, um teste de credibilidade para todo o sistema de reparação.


















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