Defensoria Pública encerra segunda edição de projeto que apoia mulheres em Brumadinho

Foto: ASCOM/DPMG

A Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), por meio de sua unidade em Brumadinho, encerrou na última sexta-feira (5) a segunda edição do projeto “Caminho de Reconstrução”, iniciativa que oferece acolhimento integral a mulheres em situação de violência doméstica. Realizada em parceria com o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) local, a ação reuniu participantes em doze encontros semanais que combinaram suporte jurídico, psicológico e educativo, promovendo um espaço seguro para ressignificação de trajetórias. Para a comunidade brumadinhense, que ainda convive com os reflexos sociais da tragédia de 2019, o projeto representa uma rede de apoio essencial no enfrentamento a violências que muitas vezes permanecem invisibilizadas.

Os encontros aconteceram às sextas-feiras no CEJUSC de Brumadinho e abordaram temas como ciclos de violência, escuta ativa, ruptura do silêncio e fortalecimento da autoestima. Cada sessão contou com a presença de uma palestrante especializada em áreas como assistência social, psicologia e segurança pública, garantindo uma abordagem multidisciplinar. Além das rodas de conversa, foram realizadas oficinas que esclareceram os direitos das mulheres, os mecanismos da Lei Maria da Penha e os recursos disponíveis na rede de proteção local.

O foco desta edição foi a educação em direitos, com ênfase na divulgação de medidas protetivas e no funcionamento dos serviços que compõem a rede de enfrentamento à violência doméstica. O projeto não apenas ofereceu suporte emocional e jurídico, mas também capacitou as participantes para que possam identificar situações de risco, acessar instrumentos legais e romper com ciclos de agressão. Em uma cidade onde muitos lares ainda enfrentam as tensões do pós-desastre, iniciativas como essa ganham dimensão ainda mais urgente.

A primeira edição do “Caminho de Reconstrução” foi reconhecida nacionalmente ao vencer a 5ª edição do Prêmio Juíza Viviane Vieira do Amaral, concedido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O reconhecimento atesta a eficácia da metodologia adotada e a relevância do trabalho desenvolvido em Brumadinho, que agora se prepara para uma nova etapa prevista para o primeiro semestre de 2026. A continuidade do projeto sinaliza um compromisso institucional duradouro com a proteção e o empoderamento feminino no município.

Para as mulheres de Brumadinho, muitas delas sobreviventes de múltiplas formas de violência – inclusive a institucional e a ambiental –, ter acesso a um espaço de fala, escuta e orientação representa um passo fundamental na reconstrução de suas vidas. O projeto demonstra que, além das reparações materiais e coletivas, é preciso investir em acolhimento humano e em redes comunitárias que restaurem a dignidade e a autonomia. Em um contexto de luta por justiça e reparação, o “Caminho de Reconstrução” surge como um farol de esperança e ação concreta.