CineOP exibe produções de moradores impactados pela tragédia-crime da Vale
- Moisés Oliveira

- 27 de jun.
- 2 min de leitura

Três produções audiovisuais criadas por moradores atingidos pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, ganharam espaço na 20ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), que começou nesta quarta-feira (25) e segue até o dia 30 de junho. Os filmes “Nós”, “Adolescer” e “Ciranda Encantada” foram selecionados para exibição e representam a força da memória, da resistência e da reconstrução das comunidades da Bacia do Paraopeba.
As obras foram realizadas por meio das Oficinas de Comunicação Popular da Aedas (Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social), organização responsável por assessorar os atingidos em seu processo de reparação. A inclusão dessas produções na programação da CineOP, um dos festivais mais tradicionais do país voltados à preservação do cinema como patrimônio cultural, reforça a importância do audiovisual como ferramenta de luta, denúncia e afirmação de identidade.
Entre os destaques está o filme “Nós”, codirigido por Leandro Damasceno, morador de Brumadinho e atingido direto pela tragédia-crime da Vale. A produção busca retratar vivências marcadas pela perda, pela luta por justiça e pela esperança em meio à destruição causada em janeiro de 2019. Para Damasceno, estar presente na mostra é mais do que uma conquista cultural — é um marco político e simbólico. Ele afirma que o cinema, neste caso, é instrumento de preservação de histórias que, muitas vezes, são ignoradas pelos meios tradicionais de comunicação.
Além das exibições, a mostra também abriu espaço para a reflexão sobre o papel da arte na reparação dos danos causados às populações atingidas. Elaine Bezerra, coordenadora de Comunicação do projeto Paraopeba pela Aedas, participa de um dos debates oficiais do evento, com foco na produção audiovisual como instrumento de memória coletiva e direito à voz das comunidades. O debate intitulado “Filme Memória” reúne especialistas, realizadores e representantes das comunidades para discutir como o cinema pode ser ferramenta de resistência e mobilização social.
A Mostra de Cinema de Ouro Preto é conhecida nacionalmente por valorizar produções voltadas à memória, preservação e educação audiovisual. Em sua 20ª edição, a CineOP apresenta 147 filmes, entre longas, médias e curtas-metragens, além de uma ampla programação gratuita que inclui debates, oficinas, rodas de conversa e apresentações culturais. O evento também é espaço de discussão de políticas públicas voltadas à cultura e à preservação do patrimônio audiovisual brasileiro.
A participação das obras realizadas por atingidos na CineOP representa, para Brumadinho e região, um avanço importante no reconhecimento da narrativa das comunidades diretamente impactadas pelo rompimento da barragem da Vale. É também uma resposta à invisibilização histórica dessas vozes, agora amplificadas em um dos principais palcos culturais do país. A programação completa e os horários de exibição podem ser acessados no site oficial do evento: cineop.com.br.


















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