'Choro é uma forma de comunicação: o que o bebê está tentando te contar?'
- Redação Portal Independente

- 30 de jul.
- 3 min de leitura

Choro é uma forma de comunicação: o que o bebê está tentando te contar? Escutar o choro do bebê com atenção é mais do que um instinto materno, é uma forma de comunicação que influencia o desenvolvimento emocional e da linguagem.
Se você já segurou um bebê no colo e se sentiu confusa sem saber exatamente o motivo do choro, você não está sozinha. É comum associarmos o choro do bebê a fome, sono ou fralda suja. Mas a verdade é que o choro infantil é muito mais complexo e inteligente do que parece, porque ele é uma linguagem cheia de intenção. O choro precisa ser “escutado” como uma forma de comunicação, e não como uma "crise" a ser abafada ou resolvida rapidamente.
Mas como assim? O que o choro pode comunicar?
Além das causas físicas mais conhecidas, o choro pode estar relacionado a:
• Superestimulação (muito barulho, luz forte, agitação)
• Necessidade de contato físico ou colo
• Variações na temperatura corporal
• Desconfortos digestivos leves
• Carência de segurança emocional (principalmente no fim do dia)
E a “famosa” Exterogestação: Nos primeiros três meses de vida, o bebê ainda está se adaptando ao mundo fora do útero, fase conhecida como exterogestação. Nesse período, é natural que ele precise de muito colo, movimento, contato pele a pele e contenção. O choro frequente pode ser uma forma de pedir esse aconchego, como se dissesse: “o mundo aqui fora é estranho, me ajuda a entender?”. Responder a esses chamados com sensibilidade não “estraga” o bebê. Pelo contrário, ajuda a organizar suas emoções e a se sentir seguro para explorar o mundo aos poucos.
O papel do cuidador:
Muitas famílias se cobram por não “acertarem” de primeira a causa do choro. Mas estar disponível já é, por si só, uma resposta potente. Quando o cuidador acolhe com empatia, mesmo sem entender de imediato o motivo, o bebê se sente protegido e aprende que sua voz tem valor, mesmo antes das palavras. Essa segurança afetiva é a base para a construção da linguagem e das primeiras trocas. Ou seja, escutar o choro também prepara o terreno para o desenvolvimento da fala.
Estudos em neurodesenvolvimento já demonstraram que a capacidade de perceber e responder aos sinais do bebê está diretamente ligada a:
• Maior desenvolvimento da linguagem
• Redução de estresse tóxico na infância
• Melhores vínculos emocionais no futuro
Um exemplo é o estudo de referência de Harvard (Center on the Developing Child), que destaca a importância das "serve and return interactions", ou seja, esse jogo de troca entre bebê e adulto como base para a construção de circuitos cerebrais saudáveis.
“Quando os adultos respondem ao choro do bebê com atenção, carinho e consistência, ajudam a moldar um cérebro mais forte e uma comunicação mais eficaz.” - Harvard University - Center on the Developing Child
Escutar o choro de um bebê é escutar um ser humano que ainda não tem palavras, mas já tem sentimentos. É reconhecer que ali existe alguém tentando se comunicar, da forma que pode. É um desafio para nós adultos, e, por isso é tão importante falarmos sobre isso abertamente.
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Gabriela Rios
Fonoaudióloga - Graduada pela UFMG | CRFa 6-10868
Atendimentos no Espaço Cuidar | SR, em Brumadinho Especialização em Neuroeducação
Consultora de Amamentação
Aperfeiçoamento em Desmame Gradual
Capacitação em ABA naturalista
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