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Bandas centenárias abrem segunda edição do Projeto Anagama em Brumadinho

  • Foto do escritor: Talles Costa
    Talles Costa
  • 3 de nov.
  • 3 min de leitura
Foto: Amanda Dias/Divulgação
Foto: Amanda Dias/Divulgação

Brumadinho se prepara para vibrar com a força de suas tradições musicais no próximo sábado, 8 de novembro. O Auditório do Centro Administrativo será palco do "Concerto Pelas Bandas do Paraopeba", um evento que reúne o melhor da música tradicional da região e marca o início oficial da segunda edição do Anagama - Arte, Inclusão e Sustentabilidade, projeto idealizado pela ONG Contato. A partir das 11 horas, cinco corporações musicais com histórias que atravessam gerações - Santa Efigênia, São José, Santo Antônio de Suzana (Lira Suzanense), Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião - demonstrarão a vitalidade de uma chama cultural que permanece acesa, unindo o legado dos mestres ao talento de novos músicos.

A escolha das bandas para a abertura do projeto não foi aleatória. Partiu de um mapeamento cultural realizado pela organização, que identificou a profunda conexão dos moradores com essa manifestação artística, presente em comunidades há mais de um século. Esta iniciativa conta com uma rede de apoio formada por associações, entidades e coletivos de artistas e ativistas sociais, fortalecendo o tecido cultural de um território que busca constantemente sua resiliência após o rompimento da barragem em 2019.

De acordo com Vítor Santana, coordenador de Mobilização e Articulação do Anagama, o concerto é um resgate da história e uma celebração da resistência cultural. Ele destaca a diversidade do cenimento musical local, que vai da centenária Lira Suzanense à Banda São José, com seus 15 anos de atividade. "Isso é uma chama musical de resistência que está acesa e vai continuar", afirma, enfatizando como o conhecimento musical é transmitido dentro das próprias famílias, garantindo a renovação e a perpetuação dessa tradição.

A filosofia do Anagama, como explica Carlos Nagib, coordenador-geral do projeto, é potencializar forças já existentes na comunidade. A abordagem é participativa e evita impor novas atividades, preferindo identificar e fortalecer os saberes locais. "Se a gente tem um parceiro que desenvolve um trabalho, a gente não chega lá propondo outra coisa. Ele tem que olhar para esse trabalho, identificar o potencial. A partir disso, nós vamos ver de que forma contribuir. É uma proposta, uma troca", detalha Nagib. Na primeira edição, essa dinâmica resultou na formação de um coletivo de ceramistas, e agora se volta para o universo musical.

As atividades formativas da segunda edição já começaram a todo vapor. Entre os dias 4 e 18 de outubro, a série de oficinas "Pelas Bandas do Paraopeba" levou grandes mestres e musicistas para compartilhar conhecimentos com crianças, jovens e adultos. Professores renomados, como o tubista Aldo Bibiano, da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, e o maestro Joanir Oliveira, do projeto Música de Sarzedo, estiveram entre os instrutores, abordando desde a técnica de instrumentos de sopro até a regência. O sucesso foi imediato, com alta procura que exigiu a readequação de espaços e lotou as sessões com a presença de famílias inteiras.

Além da imersão musical, o Anagama já promoveu outras oficinas que dialogam com a cultura e a geração de renda local. A "Cozinha Ancestral", com Joseane Jorge e Mestra Rosentina, revelou os segredos da quitanda mineira, enquanto "Criando Imagens Possíveis", com Amanda Dias e Júlia Duarte, explorou novas linguagens por meio da fotografia e do vídeo. A agenda segue movimentada, com novas oportunidades abertas à comunidade, incluindo uma segunda rodada da oficina de Fotografia e Vídeo em Mário Campos, uma Oficina de Adornos Cerâmicos com a artista Raísa Paco e a oficina "Pão Artesanal: farinha, água e sal" no Córrego do Feijão. Todas as atividades são gratuitas, mediante inscrição prévia.

O projeto Anagama é uma realização da ONG Contato, que atua há 23 anos em formação artística para jovens, e foi aprovado pelo Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo, que inclui a AVABRUM, Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho e TRT-3. Sua primeira edição, em 2023, assistiu a seis territórios, incluindo quatro regiões quilombolas, focando na cerâmica e no artesanato como vetores de inclusão e geração de renda para as populações atingidas, impactando diretamente mais de 350 pessoas. Agora, ao colocar as bandas no centro do palco, o projeto não apenas celebra a cultura brumadinhense, mas também acende um farol de esperança e identidade, mostrando que a comunidade segue criando, resistindo e prosperando através da arte.



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