Acidente com cadeirante em faixa de pedestre reforça debate sobre mobilidade em Brumadinho
- Moisés Oliveira

- 21 de jul.
- 2 min de leitura

Na última sexta-feira, 18 de julho, um acidente envolvendo um dos principais ativistas da acessibilidade em Brumadinho expôs novamente os desafios enfrentados por pessoas com deficiência na mobilidade urbana da cidade. Maurílio Jardim, integrante ativo da AMPARE — Associação para inclusão de mulheres e pessoas com deficiências em Brumadinho — sofreu uma queda ao tentar atravessar a Rua Presidente Vargas. A situação gerou revolta, desabafo nas redes sociais e o pedido de uma reunião emergencial com autoridades locais para discutir soluções concretas e urgentes.
O acidente aconteceu no horário de pico, quando o movimento de veículos era intenso. Ao tentar atravessar pela faixa de pedestres, Maurílio se deparou com um obstáculo já conhecido por muitos moradores: um bueiro mal posicionado, exatamente dentro da faixa, que tem sido motivo constante de reclamações. Ele perdeu o equilíbrio quando uma das rodas de sua cadeira caiu no buraco, o que provocou sua queda e o deixou ferido. “Foi questão de segundo. A roda traseira caiu e puxou, me tombando. Uma sensação horrível de impotência”, escreveu ele.
No relato emocionado, Maurílio destacou que, ironicamente, foi vítima do mesmo problema que denuncia há anos. Segundo ele, o trecho não possui continuidade segura na calçada, e do outro lado da rua há obstáculos como mototáxi, carros estacionados e a ausência de espaço adequado para quem precisa atravessar. “Por cuidado, resolvi esperar o fluxo baixar e dei ré, mas esqueci do bueiro dentro da faixa e com profundidade”, contou.
O ativista lamentou que algumas pessoas tenham feito julgamentos precipitados, afirmando que ele estaria distraído ao telefone. No entanto, Maurílio esclareceu que apenas esperava o momento mais seguro para fazer a travessia. “Eu estava falando que iria esperar o fluxo baixar e voltaria para a calçada, para me posicionar de forma que os motoristas não parassem para dar preferência, deixando fluir, e aí sim eu atravessaria com segurança.”
A indignação gerada pelo episódio fez com que ele mobilizasse uma proposta de reunião com o prefeito Gabriel Parreiras, a Secretaria de Governo, a Secretaria de Segurança e a Polícia Militar, junto a uma comissão formada por pessoas com deficiência. O objetivo é apresentar os pontos críticos da cidade e construir soluções viáveis e urgentes.
No desfecho de sua mensagem, Maurílio citou Carlos Drummond de Andrade para ilustrar o descaso com a acessibilidade: “Havia uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho havia uma pedra. No caso, aí um buraco”. Ele ainda fez um apelo por mais empatia, lembrando que a luta pela acessibilidade é para todos: idosos, mães com carrinhos de bebê, pessoas com mobilidade reduzida, e qualquer um que um dia poderá precisar de apoio para circular com segurança. “Eu quero uma cidade feliz, onde todas as pessoas possam circular com segurança, sendo PCD ou não.”
O caso ganhou forte repercussão nas redes sociais e provocou reflexões entre moradores de Brumadinho. A expectativa agora é que o episódio não caia no esquecimento, mas sirva de impulso para uma transformação efetiva na acessibilidade urbana do município.


















.png)

Comentários