Pais cobram soluções após fala polêmica de secretária de Educação sobre transporte escolar
- Moisés Oliveira
- 24 de jun.
- 2 min de leitura

A crise no transporte escolar de Brumadinho voltou a ganhar destaque nesta segunda-feira (23) após declarações da secretária municipal de Educação, Cesária Clarice Mendes Carmo, durante entrevista a uma rádio local. Ao comentar sobre os problemas enfrentados diariamente por estudantes e motoristas, a secretária admitiu que os ônibus escolares estão em condições precárias e afirmou que tem orado todos os dias pelos alunos, em razão dos riscos enfrentados. A fala, considerada insensível por muitos pais e moradores, gerou revolta nas redes sociais e aprofundou o debate sobre a responsabilidade da administração pública frente ao tema.
Durante a entrevista, Cesária questionou: “Se perde o freio? Se tá com o ônibus cheio? Olha, eu tenho nas minhas orações todos os dias os alunos nossos aqui do município”. Em seguida, completou que, mesmo diante das críticas, acredita que as preces têm valor e que a Prefeitura está promovendo modificações. Entretanto, para os moradores, a declaração evidencia mais uma vez a ausência de soluções concretas para o problema.
Desde o retorno das aulas presenciais em fevereiro, o Portal Independente tem recebido diversas denúncias de usuários sobre falhas nos veículos utilizados para o transporte escolar. Recentemente, um relatório do Conselho Municipal de Educação detalhou situações graves envolvendo ônibus com pneus carecas, assentos quebrados, cintos de segurança ausentes, portas amarradas com arames e falta de manutenção mecânica geral. Segundo relatos, essas condições colocam em risco a integridade física de centenas de alunos, em especial das zonas rurais.
O problema também envolve aspectos contratuais. No início do ano, a Prefeitura de Brumadinho firmou um contrato emergencial, sem licitação, com a União Cooperativa de Transportes, no valor de mais de R$ 11 milhões. A empresa, criada em março de 2024, tem sede em Belo Horizonte e capital social declarado de apenas R$ 28 mil. A legislação que regulamenta o transporte escolar exige experiência mínima de um ano na área para esse tipo de prestação de serviço, o que levanta dúvidas sobre a regularidade da contratação. A Prefeitura alegou que a licitação anterior foi cancelada devido a irregularidades no processo.
Vereadores como Professor Márcio Guru, Juca Dornas e Denilson Gama, entre outros, enviaram ofícios solicitando esclarecimentos da Pasta e, inclusive, chegaram a gravar vídeos mostrando a real situação dos ônibus. Segundo as assessorias parlamentares, alguns pedidos sequer foram respondidos, e, por isso, ofícios foram reiterados nos últimos dias, como ocorreu no Gabinete de Guru.
A repercussão nas redes sociais foi imediata e negativa. Em mensagens recebidas pelo Portal Independente, moradores ironizaram a fala da secretária e cobraram ações concretas. “Orar eu oro de casa, não preciso ser secretário para isso. Faço de graça, todos os dias. O que ela tem que fazer é tomar uma atitude antes que alguma coisa grave aconteça”, escreveu uma internauta.
Apesar das promessas de melhoria, o cenário continua preocupante. E a população cobra medidas urgentes antes que as orações deem lugar a tragédias.
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