Mercado de feijão enfraquece com aumento da oferta e preços em queda
- Guilherme Almeida

- 24 de nov.
- 2 min de leitura

Os preços do feijão registraram quedas significativas na primeira quinzena de novembro, influenciadas pela maior disponibilidade do produto nos principais estados produtores e por um mercado consumidor menos aquecido. Dados do indicador CNA/Cepea mostram que as variedades carioca e preta tiveram desvalorizações em várias regiões do país, com destaque para retrações em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e São Paulo, refletindo um cenário de menor liquidez e oferta ampliada de lotes, inclusive de qualidade inferior.
No feijão carioca de melhor qualidade (notas 9 ou superiores), a baixa no preço médio foi impulsionada pelo aumento da oferta em praças como Itapeva (SP), que registrou recuo de 2,04%. Em Sorriso (MT), a queda foi de 2,09%, enquanto no Noroeste de Minas e no Centro/Noroeste de Goiás as desvalorizações ficaram em 1,77% e 1,76%, respectivamente. Produtores de algumas regiões optaram por segurar parte da safra, liberando apenas pequenos volumes, mas mesmo essa estratégia não foi suficiente para conter a tendência de baixa nos valores.
Já para o feijão carioca de notas entre 8 e 8,5 – que apresenta características como manchas, umidade acima do ideal ou outros defeitos –, a pressão sobre os preços foi ainda mais acentuada. No Centro/Noroeste Goiano, a queda chegou a 4,4%, e no Leste Goiano, a 3,7%. A exceção foi o Sul Goiano, que registrou valorização de 5%, puxada pela postura firme dos produtores em não ceder à pressão baixista.
Já o feijão preto tipo 1 também enfrentou um ambiente de preços enfraquecidos, influenciado pela oferta de lotes comerciais durante a entressafra. Em Curitiba (PR), as cotações recuaram 2,4%, e na Metade Sul do Paraná, 1,1%. A única alta foi observada no Oeste Catarinense, com recuperação de 1,6%, em movimento considerado isolado e sem força para reverter o cenário geral de acomodação.
De acordo com a Conab, a produção total de feijão para a safra 2025/26 deve ficar em 3,1 milhões de toneladas, volume próximo ao do ciclo anterior, mas com mudanças relevantes entre os tipos. A primeira safra de feijão preto, por exemplo, deve recuar 37,3%, para 207 mil toneladas, enquanto a de feijão carioca permanece praticamente estável, em 589,1 mil toneladas. Já a segunda e a terceira safras apresentam projeção de crescimento de 3,5% e 5,7%, respectivamente.
Em meio a esse contexto, uma notícia positiva foi a abertura do mercado do Líbano para a importação de feijão preto brasileiro, conforme anunciado pelo Ministério da Agricultura. A medida, fruto de entendimentos sanitários e fitossanitários, amplia as opções de escoamento para o produto e pode representar um alívio para regiões com vocação exportadora.
Para os consumidores de Brumadinho e demais municípios, a tendência de baixa no atacado pode se refletir, a médio prazo, em preços mais acessíveis nas gôndolas dos supermercados e feiras livres. No entanto, especialistas alertam que fatores como o clima – que segue influenciando a qualidade dos grãos durante a colheita – e o comportamento da demanda nos próximos meses serão decisivos para a estabilidade do setor.


















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