top of page

Conheça a barragem da Emicon, com altura de um prédio de 12 andares, que está em alerta em Brumadinho

  • Foto do escritor: Moisés Oliveira
    Moisés Oliveira
  • 24 de jul.
  • 2 min de leitura
Foto: Flavio Tavares / O TEMPO
Foto: Flavio Tavares / O TEMPO

A cidade de Brumadinho, marcada para sempre pela tragédia de 2019, volta a conviver com o medo provocado por uma estrutura de rejeitos em situação de alerta. A barragem B1-A, da empresa Emicon Mineração, teve seu nível de emergência elevado para o grau 2 — o penúltimo numa escala de três, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). Localizada na comunidade rural do Quéias, a estrutura impõe a evacuação imediata de moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS), diante da ausência de documentos atualizados que comprovem a sua estabilidade. Embora não haja sinal de rompimento iminente, o histórico de luto vivido pelos brumadinhenses torna qualquer indício de risco motivo de grande apreensão.

A barragem em questão tem 37 metros de altura — o equivalente a um prédio de 12 andares — e cerca de 273 metros de comprimento, ocupando uma área similar a quase três campos de futebol. Construída com o método de alteamento por linha de centro, técnica considerada mais segura que a de montante (proibida no país desde 2022), a estrutura armazena 914 mil metros cúbicos de rejeito e está desativada desde janeiro de 2014. Apesar da paralisação, pessoas ainda vivem abaixo da estrutura, o que amplia a necessidade de monitoramento e ações emergenciais por parte das autoridades.

Arte: O TEMPO
Arte: O TEMPO

A comunidade do Quéias, localizada nas imediações da BR-381, enfrenta agora o deslocamento forçado de famílias, numa evacuação acompanhada por equipes da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e de órgãos federais e estaduais. A remoção está sendo feita com abordagem humanizada, segundo a Prefeitura, que instituiu uma Comissão Estratégica Municipal com diversas secretarias de prontidão. O objetivo é garantir uma resposta articulada, preventiva e transparente diante do risco potencial.

Em caso de ruptura, a lama da barragem B1-A pode atingir pontos sensíveis da infraestrutura regional, como a própria BR-381 e o reservatório Rio Manso — responsável pelo abastecimento de cerca de 3,5 milhões de pessoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Informações sobre esse possível cenário estão disponíveis no Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração da ANM, que reforça a necessidade de constante atualização de dados e planos de segurança.

A cidade, que ainda carrega o trauma do rompimento da barragem da Vale na mina Córrego do Feijão — tragédia que matou 272 pessoas, incluindo duas grávidas — vê neste novo episódio a repetição de padrões perigosos. A AVABRUM, associação que representa familiares das vítimas do desastre de 2019, emitiu nota cobrando providências efetivas e denunciando a permanência da negligência no setor mineral. Segundo a entidade, “as mineradoras seguem priorizando a produção e o lucro em detrimento da segurança humana e ambiental”.

A barragem B1-A pode ter proporções menores que a estrutura rompida seis anos atrás, mas, para os brumadinhenses, qualquer barragem instável representa uma ameaça existencial. A cidade clama, mais uma vez, por fiscalização rigorosa, responsabilização de gestores e revisão de políticas públicas que, segundo entidades e especialistas, vêm permitindo flexibilizações perigosas em nome de licenças ambientais mais rápidas. A história recente mostra que o preço da omissão é pago com vidas — e Brumadinho não aceita mais correr esse risco.


*Com informações O TEMPO

Anuncie Apoio_edited.jpg
Anúncio quadrado - Independente (3).png
Anúncio quadrado - Independente.png
bottom of page