Ato de jovens em Brumadinho ultrapassa limite da brincadeira e preocupa comunidade
- Talles Costa
- 30 de set.
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Um vídeo que circula nas redes sociais em Brumadinho tem causado indignação entre moradores do Bairro Jota. As imagens, gravadas por uma câmera de segurança no dia 18 de setembro, mostram um grupo de adolescentes caminhando pela Rua Rio Doce quando um deles desfere um chute forte no portão de uma residência, arrancando-o da estrutura. Em seguida, todos fogem correndo. A cena revoltou a proprietária do imóvel, que decidiu tornar o episódio público para pedir providências e alertar a população.
Segundo a moradora, que prefere não se identificar, os transtornos não começaram com o ato de vandalismo. Há meses ela e vizinhos vinham sofrendo com brincadeiras de mau gosto praticadas por adolescentes, que tocavam o interfone das casas e corriam em seguida. Apesar de inicialmente acreditar que se tratava apenas de traquinagens inofensivas, a situação foi se agravando até culminar na depredação do portão. “No começo desliguei o interfone, achei que passaria. Depois começaram a bater em várias casas, mas ninguém tomou atitude porque eram jovens. Só que agora foi longe demais”, relatou.
O caso acendeu o debate sobre a banalização de práticas consideradas “brincadeiras de infância”, mas que, em algumas circunstâncias, configuram perturbação ao sossego e até crime. O artigo 42 da Lei das Contravenções Penais prevê punições para quem perturbar o sossego alheio com algazarras, gritaria ou outros incômodos, com pena que pode variar de 15 dias a três meses de prisão simples, além de multa. Há também legislação ambiental que trata da poluição sonora em excesso, que pode ser enquadrada no artigo 54 da Lei nº 9.605/1998. Ainda que não exista menção específica a toques de campainha ou batidas em portões sem motivo, o entendimento jurídico pode levar em conta a repetição e a intenção de incomodar.
Moradores do Bairro Jota relatam que atos semelhantes vêm acontecendo com frequência na região central da cidade, mas o episódio registrado em vídeo trouxe maior repercussão por expor o limite ultrapassado entre a travessura e a depredação. “É preciso dar um basta, porque hoje foi um portão, amanhã pode ser algo pior. Muitos já estavam se sentindo inseguros, mas quando acontece perto da sua casa a revolta é maior”, comentou outro vizinho.
A Polícia Militar ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso, mas a divulgação das imagens nas redes sociais pode auxiliar na identificação dos adolescentes envolvidos. A expectativa da comunidade é que medidas sejam tomadas para responsabilizar os autores e coibir novas ocorrências. O episódio serve como alerta não apenas aos moradores de Brumadinho, mas a todas as famílias que convivem com a falsa impressão de que pequenas provocações não trazem consequências.
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