Apesar do peso dado já no título deste artigo, a elegância com que a história salda ao povoado de Jesus Maria e José da Vista[i], nosso atual Aranha, deve ser relembrada e contada sempre para que as próximas gerações nunca se percam do que somos e de onde viemos no tempo.
Pois bem, foi a partir de uma associação clandestina, que tinha como organizador geral o senhor Francisco Borges de Carvalho, que nas terras deste, foram construídas o elegante e histórico forte de Brumadinho.
Se hoje é algo memorável e cheio de impetuosidade estética, na época era um local de resistência; de comércio clandestino, pois após roubar de outras casas de fundições os gabaritos que fundiam o outro para comprovação de pagamento do quinto real, o que estes senhores o faziam por menor preço que as fundições regulares, este forte tinha a intenção de resistir a um ataque militar dando tempo para se acobertar os maquinários usados e mesmo possibilitar uma fuga dos sócios sobre a espada do seus algozes.
Para se ter uma ideia, estamos falando de blocos de pedra de até 1,50 de espessura em uma construção quadrangular de 50 X 40 metros. Esta fundição clandestina iniciou seus trabalhos um pouco antes de 1730 e acabou por ser delatado por um dos seus sócios que trocou sua sociedade pela liberdade da punição de lesa-majestade em que envolvia o empreendimento. Isto ocorreu em 15 de fevereiro de 1731, delatando o feito para o ouvidor de Sabará, Diogo Cotrim que, o mais rápido que pode, juntou as tropas possíveis e dilacerou tudo que havia no local, restando apenas a estrutura que hoje temos como o forte de Brumadinho.
Mas, então, que diabos tem haver o forte que fica na Serra da Calçada, no alto da Serra da Moeda a 5 km sul do Condomínio Retiro das Pedras?
Ocorre que a sede deste empreendimento clandestino não era no local do forte, mas sim, no denominado na época, Jesus Maria e José da Boa Vista, atual Aranha.
Englobava nesta sede os territórios de Melo Franco e o local denominado São Caetano, hoje Moeda.
Era uma fazenda com muitos escravos e outras pessoas. Permanecia fechada durante a semana e aberta para visitação de escravos e outros durante os finais de semana.
Com a derrocada realizada por Diogo Cotrim, nada restou que pudesse nos indicar a questão histórica do tão amado Aranha, mas o forte de Brumadinho é Aranhence como se percebe.
Aqui espero ter contanto um pouco mais da linda história do local que, antes de ser Brumadinho, esteve nas linhas do rococó e pedra sabão, mas próximo da linha europeia e com todo o vigor e força africana entranhado em seus porões e fortalezas internas que assim se sopra do pensamento ao falar histórico.
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[i] aqui preciso desfazer a irregularidade que os moradores mais antigos do Aranha pensam, pois, a maioria pensa ser o nove verdadeiro do Aranha “Jesus Maria e José da Boa Vista ao Aranha. São duas fazes diferentes neste caso: Primeiro veio o nome mais antigo do povoado, é pertence ao séc. XVII, logo com o passar do tempo e dentre outras circunstâncias históricas o nome que permaneceu foi do mais próximo de nosso sec. XX, o antigo proprietário da época das terras chamado José Cerqueira Aranha.
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Marciano Reis
Fiscal Ambiental de Brumadinho, Advogado especialista em Meio Ambiente e Mineração, Técnico em Agropecuária, Bacharel e Licenciatura em Filosofia.
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