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Vapes alteram saliva e aumentam risco de cáries e doenças periodontais

Foto do escritor: Talles CostaTalles Costa
Foto - Divulgação
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Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em parceria com cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, revelou que o uso de cigarros eletrônicos pode causar alterações na saliva, elevando significativamente o risco de doenças bucais, como cáries, lesões na mucosa e doença periodontal. A pesquisa, publicada no International Journal of Molecular Sciences, reforça as evidências de que os vapes não são inofensivos e podem trazer prejuízos expressivos à saúde.

A investigação analisou a saliva de 50 jovens adultos, sendo 25 usuários regulares de cigarros eletrônicos há pelo menos seis meses e 25 não usuários, formando o grupo de controle. Apesar de proibidos no Brasil desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os vapes continuam sendo amplamente utilizados, principalmente por jovens, o que aumenta a preocupação com seus impactos.

Os pesquisadores encontraram uma alta concentração de cotinina, um biomarcador associado à exposição à nicotina, entre os usuários de cigarros eletrônicos. Além disso, foram identificados 342 metabólitos salivares, dos quais 101 foram considerados relevantes para o estudo. Desses, 61 eram exclusivos dos usuários de vapes, enquanto 40 foram compartilhados entre ambos os grupos. Os resultados apontaram que quatro biomarcadores estavam significativamente elevados nos consumidores de cigarros eletrônicos, sugerindo alterações metabólicas importantes na saúde bucal desses indivíduos.

Outro fator preocupante foi a baixa viscosidade da saliva entre os adeptos dos vapes, um indicativo de redução do fluxo salivar. Essa condição favorece o acúmulo de biofilme nos dentes, aumentando a propensão ao desenvolvimento de cáries e doenças periodontais. Além disso, exames físicos revelaram níveis elevados de monóxido de carbono exalado e menor saturação de oxigênio entre os fumantes de vapes, o que pode comprometer a oxigenação sanguínea e trazer consequências sistêmicas.

Os especialistas alertam que os resultados reforçam os riscos à saúde causados pelo uso de cigarros eletrônicos. As alterações detectadas na saliva sugerem processos inflamatórios e a presença de substâncias tóxicas, podendo contribuir para doenças bucais e sistêmicas a longo prazo. A cirurgiã-dentista Janete Dias Almeida, coordenadora do estudo, destaca que essas descobertas podem ajudar no desenvolvimento de biomarcadores para a detecção precoce de problemas de saúde relacionados ao uso de vapes.

Em Brumadinho, assim como em diversas cidades do país, o uso de cigarros eletrônicos tem se tornado comum entre os jovens, o que preocupa profissionais da saúde. Com a facilidade de acesso ao produto no mercado ilegal, muitos consumidores desconhecem os riscos reais dessa prática. Especialistas recomendam que pais, educadores e profissionais de saúde reforcem as campanhas de conscientização sobre os perigos do vape, especialmente entre os adolescentes e jovens adultos.

A pesquisa reafirma que, contrariamente ao que a indústria de cigarros eletrônicos tenta promover, esses dispositivos não são uma alternativa segura ao cigarro tradicional. Pelo contrário, podem levar à dependência química e causar uma série de doenças. O alerta é claro: os riscos do vape vão muito além do que se imaginava, afetando diretamente a saúde bucal e geral dos usuários.

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