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Vício em apostas on-line: uma questão de saúde pública em Brumadinho

  • Foto do escritor: Talles Costa
    Talles Costa
  • 8 de out. de 2024
  • 3 min de leitura
Foto - divulgação

As apostas on-line, conhecidas como bets, têm se tornado uma preocupação crescente em Brumadinho, seguindo uma tendência que já afeta milhões de brasileiros. Especialistas apontam que essas plataformas digitais, amplamente acessíveis por smartphones, exploram o sistema cerebral de recompensa, levando muitos ao vício e colocando em risco a saúde mental e financeira de quem se envolve com elas. Recentemente, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiram como o jogo patológico se tornou uma questão de saúde pública no Brasil.

Em Brumadinho, histórias semelhantes às que têm ganhado destaque em todo o país começam a emergir. A.F.S., de 42 anos, moradora do Parque da Cachoeira, sempre foi uma pessoa ativa e participativa em seu ciclo. No entanto, nos últimos meses, seus amigos e familiares começaram a notar mudanças em seu comportamento. "Ela ficava horas no celular, e quando perguntávamos, dizia que estava jogando", conta sua irmã, M.A.S., que descobriu recentemente que A.F.S. havia se envolvido com apostas on-line, acumulando uma dívida significativa. "Ela estava jogando para tentar sair do aperto financeiro, mas acabou piorando a situação. Chegou a colocar R$700,00 no Tigrinho", lamenta.

De acordo com o neurocientista Bruno Rezende, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o vício em apostas on-line é extremamente perigoso, pois se aproveita do sistema cerebral de recompensa, que busca prazer imediato. "A expectativa de ganhar, mesmo que as chances sejam mínimas, gera um pico de dopamina no cérebro. Isso cria uma falsa sensação de controle e leva a pessoa a continuar jogando", explica o especialista. Essa compulsão pode levar os indivíduos a negligenciar trabalho, relacionamentos e saúde, em busca da gratificação instantânea proporcionada pelas apostas.

O impacto desse vício não é apenas individual, mas familiar e social. C.L.P., de 19 anos, morador do Retiro do Brumado, também enfrenta dificuldades após se envolver com apostas. Ele perdeu o emprego em uma fábrica local e, sem conseguir uma nova colocação, passou a ver nas bets uma possível solução para seus problemas financeiros. "No começo, era divertido. Ganhei algumas vezes e achei que conseguiria mais", conta. No entanto, a realidade foi cruel: as perdas se acumularam, e C.L.P. passou a pegar empréstimos com conhecidos para continuar jogando. "Peguei R$200,00 com meu irmão. Agora, estou", desabafa.

A vulnerabilidade social, especialmente em comunidades menores como Brumadinho, é um fator agravante, de acordo com Bruno Rezende. "Muitas vezes, as pessoas buscam nas apostas uma forma de escape da rotina, de um ambiente sem muitas opções de lazer. Isso faz com que o vício se instale de forma mais rápida e profunda", afirma. A falta de opções acessíveis de entretenimento e o fácil acesso às plataformas de apostas por meio do celular agravam ainda mais o problema.

O presidente Lula comentou recentemente que a regulamentação das casas de apostas on-line está em discussão, e medidas devem ser adotadas em breve para controlar esse mercado, que já movimenta bilhões no Brasil. A preocupação é que, se as apostas continuarem a proliferar sem regulação adequada, o número de histórias trágicas relacionadas ao vício em bets só aumentará.

Enquanto as medidas não são implementadas, especialistas recomendam cautela e desconfiança ao lidar com essas plataformas. A conscientização sobre os perigos das apostas on-line e o apoio psicológico para quem já sofre com o vício são fundamentais para enfrentar essa nova “epidemia” que atinge não só Brumadinho, mas o Brasil como um todo.

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