O aumento expressivo de casos de miopia entre crianças ao redor do mundo tem despertado a atenção de profissionais da saúde e pais, incluindo a comunidade de Brumadinho, onde o uso de telas digitais e a falta de atividades ao ar livre entre os jovens são cada vez mais comuns. Um estudo recente, publicado pela British Journal of Ophthalmology, revelou que uma em cada três crianças já apresenta dificuldades para enxergar de longe, uma tendência que pode atingir 740 milhões de novos casos entre crianças e adolescentes até 2050. Para combater esse avanço, especialistas recomendam medidas de prevenção, incluindo a limitação do tempo de uso de telas e o incentivo a atividades ao ar livre.
Em Belo Horizonte, uma recente iniciativa chamada "Ver é Bom Demais", promovida pela Fundação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH), buscou diagnosticar e combater a miopia infantil. O programa realizou exames de acuidade visual nos dias 3 e 4 de outubro, identificando que 158 dos 191 participantes, entre crianças e adolescentes, apresentaram sinais de miopia, muitos deles necessitando de avaliação médica detalhada. Vilson Mayrink, presidente da fundação da CDL/BH, destacou que os resultados mostram um crescimento de 25,42% nos encaminhamentos para consultas especializadas em comparação com o ano anterior. Dos atendidos, estima-se que cerca de 133 precisarão de óculos para corrigir o problema.
A relação entre o aumento da miopia e o uso frequente de dispositivos eletrônicos é um ponto de atenção, segundo a oftalmologista Débora Faleiros Leite. A médica explica que a exposição prolongada a telas, como celulares, tablets e computadores, aliada à falta de atividades externas, tem aumentado significativamente os problemas oculares entre crianças e jovens. Ela reforça a importância de atividades ao ar livre e da exposição à luz natural para desacelerar o avanço da miopia, uma prática que pode ser promovida pelas famílias locais em Brumadinho, onde as áreas verdes oferecem boas oportunidades para que as crianças se movimentem fora de casa.
A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica e a Sociedade Brasileira de Pediatria estabelecem diretrizes sobre o tempo de uso de telas para as diferentes idades. A recomendação é evitar a exposição a telas para crianças com menos de dois anos e, a partir dessa idade, impor limites. Para crianças de até cinco anos, o uso de dispositivos eletrônicos deve ser de, no máximo, uma hora por dia. Entre seis e dez anos, esse tempo deve ser controlado para duas horas diárias, enquanto para adolescentes o limite sugerido é de três horas.
Além do controle sobre o tempo de uso das telas, a adaptação ao uso de óculos é outro aspecto importante para a saúde ocular das crianças. Fernando Cardoso, proprietário da rede de óticas Centro Visão, afirma que o apoio familiar e a identificação com exemplos positivos podem ajudar as crianças a se adaptarem ao uso de lentes corretivas. Ele aconselha que familiares que também usem óculos sirvam de exemplo, e sugere que personagens populares que utilizam óculos sejam apresentados às crianças para reforçar a importância e o conforto do uso, mostrando que os óculos contribuem para a saúde visual.
A comunidade de Brumadinho, como em todo o mundo, enfrenta o desafio de manter as crianças ativas, longe do uso excessivo das telas e com hábitos que favoreçam a saúde ocular. Com o avanço dos diagnósticos de miopia entre crianças e jovens, a conscientização dos pais é fundamental para prevenir a progressão do problema. Com ações preventivas e maior incentivo à vida ao ar livre, as famílias podem ajudar a reduzir a incidência de miopia entre as novas gerações.
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