Sou fisioterapeuta e trabalho com reabilitação física. É perceptível como as pessoas respondem de maneira variável a diagnósticos idênticos. É claro que precisamos considerar o fato de cada ser humano ser único e possuir um corpo único. Porém, o que mais influencia na aceitação e no tratamento de um problema físico diagnosticado é o estado emocional de cada pessoa. Quando a saúde mental está equilibrada, há maior tendência à crença de cura, de melhora. Também há maior chance de adesão às orientações para além do consultório. Pessoas que estão bem emocionalmente têm sonhos, projetos e metas. Querem melhorar rapidamente para continuar a vida de maneira mais leve, e continuam a cuidar das outras áreas da vida mesmo durante o tratamento. Já as pessoas com a saúde emocional comprometida têm tendência ao pessimismo, baixa adesão às orientações posturais e à realização de exercícios domiciliares, porque dormem durante o dia, permanecem desanimadas a maior parte do tempo e, no fundo, precisam continuar a ter aquela dor, aquele sintoma, para justificar o estado letárgico e acomodado em que se encontram. Cabe a nós, fisioterapeutas, identificarmos o tom, a fase emocional de cada um de nossos pacientes para que a melhora aconteça de maneira mais rápida e eficiente. A reabilitação precisa ter um progresso a cada atendimento, e, se não estiver acontecendo, devemos identificar os motivos. Pode ser a nossa técnica que precisa ser revista, pode ser a não adesão às orientações, pode ser que exista indicação cirúrgica, ou vários outros fatores, como os ambientais, por exemplo. E, também, não raramente, pode ser a saúde emocional fragilizada. Neste caso devemos discutir com nosso paciente a possibilidade de encaminhá-lo a um psiquiatra, caso ele não tenha resistência. E, caso tenha, devemos tentar desmistificá-la. Além da indicação, podemos também orientar algumas estratégias para quem está se sentindo “para baixo” em uma fase curta ou duradoura. Se você não estiver bem emocionalmente:
-Saia de casa todos os dias, mesmo que seja para ir em uma loja e não comprar nada;
-Preferencialmente saia de casa para se encontrar amigos. Se o desânimo estiver muito acentuado, encontre-se com um amigo de cada vez;
-Alimente-se bem, ainda que em pequenas porções;
-Faça atividade física aeróbica (correr, nadar, pedalar, caminhar…);
-Faça a higiene do sono para manter um sono adequado;
-Não falte, em hipótese alguma aos compromissos agendados, especialmente aos atendimentos de fisioterapia;
-Aceite tratamento psiquiátrico e de outros profissionais for necessário;
-Tome banho e se arrume-se lindamente todos os dias, principalmente pela manhã;
-Organize a sua casa (guarda-roupas, gavetas, armários…);
-Estenda a sua cama todos os dias, imediatamente ao se levantar;
-Beba bastante líquido, no mínimo dois litros diariamente;
-Leia, pelo menos, dez páginas de um livro por dia.
É possível que a reabilitação física seja 100% bem sucedida mesmo com a saúde emocional ruim. Mas, é mais raro e mais demorado. Então, cuide-se. Movimente-se pela sua saúde!
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Flávia Campos
Fisioterapeuta da Clínica Saúde em Movimento Especialista em Reabilitação Cardiopulmonar pela PUC Minas Mestre em Ciências da Reabilitação pela UFMG
31 3571-1110 | fisioflaviacampos@gmail.com
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