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Retorno do trem metropolitano reacende esperança de mobilidade para Brumadinho e região

  • Foto do escritor: Talles Costa
    Talles Costa
  • 7 de abr.
  • 3 min de leitura
Foto: Divulgação @viagensquesonhamos
Foto: Divulgação @viagensquesonhamos

Os trilhos que cortam a Região Metropolitana de BH ainda guardam a memória dos trens de passageiros que, até os anos 1970, conectavam diretamente 28 municípios, incluindo Brumadinho, Sabará, Itabirito, Betim e Santa Luzia, entre outros. Eram tempos em que o transporte ferroviário desempenhava papel central na vida cotidiana de milhares de pessoas, servindo como elo entre zonas urbanas e áreas rurais, facilitando deslocamentos, impulsionando o comércio local e integrando comunidades.

No entanto, a deterioração das estruturas, aliada a políticas públicas que priorizaram o modal rodoviário, levou ao fim da circulação de passageiros. As linhas foram relegadas à exploração mineral, hoje sob concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), cuja prioridade é o transporte de carga — em especial, minério de ferro. Mesmo com cláusulas contratuais que obrigam a concessionária a manter a infraestrutura em boas condições, a realidade apontada por especialistas é de abandono e desrespeito ao patrimônio público.

Durante a audiência, realizada na Câmara de Contagem, representantes de organizações civis, técnicos e urbanistas ressaltaram a viabilidade técnica e econômica do retorno do trem metropolitano, apontando que cerca de 180 dos 500 quilômetros de trilhos existentes na região possuem potencial para transporte de passageiros. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), de 2021, estima que o sistema ferroviário reativado poderia atender 21 dos 34 municípios da RMBH, impactando positivamente cerca de 1,9 milhão de pessoas e movimentando até 300 mil usuários por dia.

Brumadinho, que já integrou essa rede, seria diretamente beneficiada com a retomada do modal. Hoje, moradores da cidade enfrentam dificuldades diárias com congestionamentos, atrasos e falta de transporte público intermunicipal eficiente. A volta dos trens poderia representar não só mais agilidade no deslocamento, mas também mais segurança, menos custos com transporte e menor impacto ambiental, além de revalorizar áreas urbanas e rurais próximas às estações.



Apesar disso, o projeto ainda caminha entre impasses políticos e falta de consenso sobre o uso das faixas ferroviárias. Enquanto a população pede trens, o Governo de Minas, junto à Agência da Região Metropolitana, apresentou recentemente o projeto do Parque da Linha Férrea, que prevê a transformação de parte da malha abandonada em área de lazer e preservação ambiental entre Belo Horizonte e Nova Lima. A proposta, embora receba apoio de parte da sociedade, levanta questionamentos sobre a prioridade de investimentos e a destinação de espaços com clara vocação para o transporte coletivo.

Especialistas como o urbanista Guilherme Moretson alertam que, embora o momento atual — com novas dinâmicas de trabalho e mobilidade — pareça menos propício para um modelo tradicional de transporte pendular, ainda há enorme demanda por alternativas ferroviárias. O arquiteto destaca que o trem seria uma solução mais segura e estável que os ônibus, além de mais sustentável e com potencial para reduzir desigualdades de acesso entre regiões centrais e periféricas da Grande BH.



Já a FCA, responsável pelo trecho, afirmou que sua concessão é voltada apenas ao transporte de cargas, e que qualquer alteração no uso dos trilhos depende da autorização de órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que ainda não se manifestou oficialmente sobre o tema.

Enquanto isso, a população da Grande BH — especialmente os brumadinhenses — segue aguardando que os trilhos, antes caminho de oportunidades e integração, deixem de ser apenas uma lembrança do passado e voltem a cumprir seu papel social. O debate está lançado e, mais do que nunca, exige vontade política, planejamento estratégico e, sobretudo, o olhar atento para o direito à mobilidade digna.


*Com informações do Portal BHAZ - Por Vinícius Sampaio e Thiago Cândido

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