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Foto do escritorRedação Portal Independente

RESTAURAÇÃO DA CASA DA CULTURA CARMITA PASSOS

Foto - Divulgação

Dificilmente há algum brumadinhense que não conheça ou ouviu falar da Casa da Cultura Carmita Passos. De arquitetura imponente e de beleza admirável, a edificação traz consigo inúmeras histórias e memórias dos brumadinhenses. Dos quais muitos estudaram no Ginásio São Sebastião, no Padre Machado ou mesmo no Centro Educacional Maria Madalena Friche Passos - CEMMA, todas essas escolas tiveram a Casa da Cultura como seu lar durante algum tempo. Atualmente, o espaço abriga a Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Brumadinho, além de ser um espaço museológico com objetos e documentos que tratam da história dos brumadinhenses. Uma edificação centenária, com tanta história e memória, também precisava ser resgatada e recuperada. Embora tenha um bom nível de conservação, falando arquitetonicamente, a edificação precisa de uma restauração, em especial devido às várias intervenções feitas ao longo dos anos.

Há anos a prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura e o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural vêm buscando formas de restaurar a Casa da Cultura. Num processo longo e moroso que envolveu solicitação de doação do imóvel ao Estado de Minas Gerais que tramitava desde 2018 no órgão estadual.

Depois de muito trabalho, o governo de Minas Gerais autorizava o processo de doação. Passamos então a uma nova fase, a legalização da doação, pois para realizar a doação do imóvel a Assembleia Legislativa de Minas Gerais precisava votar e aprovar a doação. Mas um longo processo tramita em um órgão estatal, aprovada em primeiro e segundo turno e logo em seguida encaminhada para sanção do governador. E enfim, no dia 23/07/2024, é sancionada a                           Lei n.º 24.917 que autoriza o Poder Executivo a doar ao Município de Brumadinho o imóvel que especifica.

A Casa da Cultura passa então a pertencer oficialmente a Brumadinho. E uma vez que a edificação é do município podemos enfim realizar um desejo antigo que é a restauração da edificação. E com muita alegria e satisfação, comunico que depois de muitos anos de trabalho, de busca e tentativas iremos restaurar a Casa da Cultura Carmita Passos.

Digno de nota que a restauração da Casa da Cultura Carmita Passos é mais que uma ação que visa a preservação de uma edificação tombada. A restauração é o carro chefe, mas não a única ação. Com a restauração haverá uma construção coletiva do “Museu da Casa da Cultura Carmita Passos”, uma ação a ser construída com os brumadinhenses, a Prefeitura de Brumadinho, Conselho Municipal de Patrimônio Cultural e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do curso de museologia que juntos irão construir esse museu. Após a restauração, iremos implantar o Arquivo Público Municipal e uma biblioteca no local. A Casa da Cultura Carmita Passos continuará cumprindo seu principal papel: ensino aos brumadinhenses e dessa vez com um caráter histórico e memorial.

Para além da restauração da Casa da Cultura Carmita Passos, iremos construir em frente a Praça Doutor Belford. Todos que passam em frente já viram a praça, que atualmente é um lugar de estacionamento apenas. Mas que será em breve o que ela é de fato: uma praça pública que irá compor o complexo da Casa da Cultura Carmita Passos. 

Agora, quase um século depois da sua existência, a Casa da Cultura Carmita Passos passa por sua primeira restauração. Restauração essa que permitirá a recuperação de elementos arquitetônicos do local. E o mais importante na restauração é sem sombra de dúvidas o resgate memorial e afetivo dos brumadinhenses com esse querido espaço.

Como diria o historiador francês Pierre Nora que muito me inspira no meu trabalho a frente da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Brumadinho “os lugares de memória nascem e vivem do sentimento de que não há memória espontânea, de que é preciso criar arquivos, de que é preciso manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque essas operações não são naturais”. E como Nora acredito que a memória precisa ser provocada, elucidada e espaços com tanta representatividade como a Casa da Cultura precisam ser restaurados, seus usos (re)construídos coletivamente e principalmente que sejam espaços e/ou lugares onde os brumadinhenses se reconheçam, que sua utilização seja sempre saudosa e reflexiva.

“Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar” já nos mostrava o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Nesse mundo de constante mudança, torna-se necessário a preservação desses espaços, pois é notório que as mudanças que ocorrem a todo momento e transformam os lugares e as pessoas ameaçam constante parte de nossa história e da nossa memória. Torna-se então um dever coletivo a garantia dessas memórias, sejam, por meios dos lugares de memórias, dos registros ou das pessoas. Pois seguramente dizem e muito do somos.

Para além da recuperação de um espaço cultural e de profunda relação afetiva com os brumadinhenses, a restauração da Casa da Cultura Carmita Passos é um marco nas ações do programa Redescobrindo Brumadinho, que tem buscado sempre o resgate da relação Brumadinho e brumadinhenses.  Por isso, termino mais uma vez dizendo da importância dessa ação para a memória coletiva brumadinhense e que essa e outras ações nos lembrem de que o nosso maior patrimônio são e sempre serão… os brumadinhenses.



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Webert Fernandes de Souza

Mestre em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável - UFMG

Mestre em Educação e Docência - UFMG

Doutorando em Memória Social, Patrimônio e Produção do Conhecimento - UFMG

Diretor do Setor de Patrimônio Cultural de Brumadinho

Presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Brumadinho

31 9 8602-0963 | webertdouglas@hotmail.com


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