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Pesquisadores trabalham para acelerar reflorestamento na região

Resgate de DNA e indução de florescimento precoce revoluciona restauração da área impactada pela tragédia da barragem


Ao todo, 30 espécies ameaçadas de extinção foram beneficiadas, com materiais genéticos coletados para preservação. Foto: Isabela Abalen / O Tempo

Dentro dos laboratórios da Sociedade de Investigações Florestais (SIF) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), uma descoberta promissora está transformando a abordagem do reflorestamento em Brumadinho, onde a tragédia do rompimento da barragem deixou marcas devastadoras. Pesquisadores da UFV desenvolveram uma técnica inovadora chamada "Resgate de DNA e Indução de Florescimento Precoce em Espécies Florestais Nativas", capaz de prolongar a vida de árvores em risco de extinção.


A técnica consiste em resgatar o DNA das plantas em perigo e replicá-lo em mudas, transformando-as em clones. O resultado é um processo acelerado de multiplicação das espécies. Em vez de esperar até oito anos para que as árvores deem frutos e flores, agora isso pode ocorrer em apenas seis a doze meses.


A pesquisa, originada de uma dissertação de mestrado na UFV, despertou o interesse da Vale, mineradora responsável pela restauração e reflorestamento da área afetada pela tragédia em Brumadinho. O compromisso da Vale em recuperar toda a região impactada ganha um impulso significativo com essa inovação.


O professor Gleison dos Santos, do Departamento de Engenharia Florestal da UFV, destaca o sucesso do teste da técnica realizado em junho de 2020, apenas um ano e cinco meses após o desastre. As espécies nativas da mata de Brumadinho, como Jacarandá, Ipê e Jequitibá, foram escolhidas para a aplicação bem-sucedida da técnica.


"A técnica deu tão certo que a Vale nos convidou para mais três anos de pesquisa. Vamos plantar 6 mil plantas e enriquecer toda a área nativa, não só na região de Brumadinho, mas ao longo dos 150 km onde o resíduo se espalhou", afirma o pesquisador. Ao todo, 30 espécies ameaçadas de extinção foram beneficiadas, com materiais genéticos coletados para preservação.


A inovação da técnica está em duas frentes: na replicação de espécies ameaçadas e na aceleração da produção de frutos e flores. Ao aproveitar o DNA de árvores maduras em mudas jovens, o processo desencadeia um florescimento mais precoce, acelerando o ciclo de biodiversidade da floresta.


Para a comunidade local, a reintrodução da vegetação vai além da recuperação ambiental, abrindo caminho para uma economia criativa. O retorno de espécies frutíferas, como Pequi e Jatobá, não apenas beneficia a alimentação das comunidades, mas também cria oportunidades econômicas, como a produção de sucos, sorvetes e outros produtos naturais, impulsionando pequenos e médios proprietários locais, assentamentos e comunidades indígenas ao longo do rio Paraopeba.


A técnica inovadora não só oferece uma perspectiva positiva para Brumadinho, mas também aponta para um futuro mais sustentável e resiliente para regiões afetadas por desastres ambientais.

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