Mostra no Inhotim reúne 22 artistas indígenas em diálogo sobre lutas e representação
- Moisés Oliveira
- 8 de mai.
- 2 min de leitura

O Instituto Inhotim, em Brumadinho, se transforma em palco de resistência e expressão cultural com a abertura da exposição "Maxita Yano", que reúne obras de 22 artistas indígenas de diferentes etnias. A mostra, em cartaz na Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano, estabelece um diálogo potente entre arte contemporânea e ativismo, abordando temas como territorialidade, representação indígena e alianças políticas. Para os moradores de Brumadinho cadastrados no Programa Nosso Inhotim, a visitação é gratuita, democratizando o acesso a esta importante manifestação cultural.
A exposição apresenta um rico panorama da produção artística indígena atual, onde fotografias, pinturas e instalações se entrelaçam para contar histórias de luta e resiliência. Entre os nomes destacados estão Denilson Baniwa, referência na arte indígena contemporânea, e Edgar Kanaykõ Xakriabá, cujo trabalho transita entre a antropologia visual e o ativismo. As obras de Claudia Andujar, fotógrafa conhecida por seu trabalho com os Yanomami, servem como ponto de partida para esta conversa intercultural.
Os temas explorados na mostra vão além da estética, mergulhando em questões urgentes como a defesa de territórios tradicionais, a preservação de saberes ancestrais e o combate aos estereótipos sobre os povos originários. Obras como as de UÝRA (artista paraense que mistura performance e ecologia) e Graciela Guarani (cineasta e fotógrafa) desafiam as noções convencionais de representação indígena na arte, propondo narrativas construídas pelos próprios povos originários.
Para Brumadinho, cidade que abriga o Inhotim e ainda se recupera do trauma ambiental causado pelo rompimento da barragem, a exposição assume um significado especial. A relação entre território, memória e resistência ecoa nas obras, criando pontes entre as lutas indígenas e as questões locais. A presença de artistas Yanomami, como Aida Harika e Joseca, lembra a importância da defesa ambiental - tema caro aos brumadinhenses após a tragédia de 2019.
A mostra pode ser visitada de quarta a sexta, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados até as 17h30. Além da gratuidade para moradores locais cadastrados, o Inhotim mantém programação educativa relacionada à exposição, incluindo encontros com alguns dos artistas participantes. Esta iniciativa consolida o museu como espaço de diversidade cultural e reflexão social, oferecendo aos visitantes uma oportunidade única de conhecer a rica produção artística dos povos originários em um dos mais importantes centros de arte contemporânea do país.
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