Minas Gerais, um dos estados mais afetados por doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, chikungunya, zika e febre do Oropouche, está prestes a implementar novas tecnologias para controle vetorial. Segundo o Ministério da Saúde, Belo Horizonte e Contagem serão os primeiros municípios mineiros a adotar estações disseminadoras de larvicidas, expandir o método Wolbachia e utilizar a borrifação residual intradomiciliar.
A adoção dessas estratégias faz parte do Plano de Ação para Redução dos Impactos das Arboviroses 2024/2025, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra da Saúde, Nísia Trindade. O objetivo é reduzir significativamente os casos dessas doenças no país.
Em 2024, Minas Gerais registrou quase 1,7 milhão de casos prováveis de dengue, com 1.121 mortes confirmadas, tornando-se o segundo estado com maior coeficiente de incidência da doença, atrás apenas do Distrito Federal. Já nas primeiras semanas de 2025, Minas figura entre os cinco estados que concentram mais de 76% dos casos de chikungunya.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde instalou, nesta quinta-feira (9), o Centro de Operações de Emergências para Dengue e Outras Arboviroses, com foco em monitorar e coordenar ações de enfrentamento às doenças.
Outro ponto de atenção é a identificação de um aumento expressivo do sorotipo 3 da dengue em estados como Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Amapá. Esse sorotipo não circulava predominantemente no Brasil desde 2008. Em 2024, o sorotipo 1 foi o mais comum, representando 73,4% das amostras positivas.
“Estamos vendo uma mudança significativa para o sorotipo 3”, afirmou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde. “Com 17 anos sem circulação predominante, muitas pessoas nunca tiveram contato com esse vírus, o que as torna vulneráveis a infecções.”
Entre as medidas inovadoras, destacam-se as estações disseminadoras de larvicidas, que utilizam mosquitos contaminados com o produto para espalhar a substância em criadouros próximos. O método Wolbachia, que reduz a capacidade do mosquito de transmitir doenças, também será expandido. Já a borrifação residual intradomiciliar consiste na aplicação de inseticida em paredes internas, criando uma barreira que impede a proliferação do Aedes aegypti.
Essas tecnologias, segundo o Ministério da Saúde, são essenciais para frear a disseminação das arboviroses em regiões de alta incidência como Minas Gerais.
Embora as novas medidas representem um avanço no combate às doenças transmitidas por mosquitos, especialistas ressaltam que a conscientização da população é igualmente importante. O engajamento em ações preventivas, como a eliminação de criadouros, segue sendo uma das estratégias mais eficazes para reduzir a incidência de arboviroses.
O governo federal planeja avaliar os resultados das novas tecnologias ao longo de 2025, com a expectativa de ampliar as iniciativas para outras cidades mineiras e estados brasileiros.
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