Inspeção ambiental leva à paralisação da Tejucana, desencadeando protestos em Brumadinho

Moisés Oliveira
21 de fev.
3 min de leitura

Os moradores e trabalhadores de Brumadinho protestaram nesta sexta-feira (21) contra o fechamento da mineradora Tejucana Mineração SA, decorrente de irregularidades ambientais apontadas em inspeções recentes. A manifestação teve início na região central, onde diversos caminhões foram estacionados na Avenida Vigilato Braga como forma de protesto contra a paralisação das atividades da empresa e as consequentes demissões de funcionários. Após o ato inicial, os manifestantes se dirigiram à Secretaria de Meio Ambiente, no bairro Grajaú, para apresentar suas reivindicações diretamente aos responsáveis pela fiscalização ambiental.

A paralisação da mineradora ocorreu após uma fiscalização realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente em 15 de janeiro, que constatou o rompimento de um dique pertencente à Tejucana. O acidente provocou erosão, fazendo com que rejeitos escorressem sobre a vegetação nativa da Mata Atlântica e atingissem o córrego Sacomini, um dos afluentes da rede da Copasa. Em decorrência dessas irregularidades, a empresa foi multada em R$ 390 mil e notificou para a apresentação, em 30 dias, de um plano de mitigação, o qual ainda não foi entregue.

Em paralelo, durante a 1ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Brumadinho, realizada em 14 de fevereiro de 2025, aproximadamente 15 funcionários da mineradora compareceram para relatar as dificuldades enfrentadas diante da atual situação da empresa. Esses relatos reforçaram a preocupação com a segurança dos trabalhadores e a integridade ambiental da região, intensificando a pressão popular por uma resposta mais rápida e efetiva do poder público.

Autoridades municipais destacam que a suspensão das atividades na Tejucana é uma medida temporária, que visa assegurar a proteção do meio ambiente e a segurança da população, seguindo as determinações dos órgãos de fiscalização e do Plano de Contingência da empresa. A prefeitura de Brumadinho enfatizou que a regularização da situação permitirá o retorno das operações, desde que todas as exigências legais sejam cumpridas.

A manifestação de hoje reflete a continuidade da mobilização dos brumadinhenses, que buscam evitar que novos desastres ambientais ocorram na região, lembrando as tragédias de Mariana e Brumadinho. A população espera que as autoridades intensifiquem a fiscalização e exijam maior transparência nas ações das mineradoras, garantindo que os interesses ambientais e a segurança dos cidadãos sejam preservados.

Confira a nota da Prefeitura de Brumadinho na íntegra

'A Prefeitura de Brumadinho, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e da Defesa Civil, realizou uma fiscalização na mineradora Tejucana, no dia 15 de janeiro, após o acionamento do Nível 2 do Plano de Contingência da empresa. A inspeção revelou uma série de irregularidades ambientais que comprometeram a segurança da população e do meio ambiente.

Entre os problemas identificados estão a ausência de um sistema de drenagem eficiente, o que intensificou processos erosivos e provocou o transporte de sedimentos para áreas vizinhas. O sistema de drenagem apresentou falhas, incluindo o rompimento de contenções e dos drenos de fundo no córrego.Outro ponto crítico foi a falta de um Plano de Contingência adequado por parte da mineradora, evidenciando falhas no gerenciamento de riscos ambientais. Além disso, um dique da Tejucana se rompeu, causando erosão e resultando no soterramento de áreas de vegetação nativa da Mata Atlântica. Os rejeitos atingiram o córrego Sacomini, um dos afluentes da rede da Copasa.Diante das infrações, a mineradora foi notificada e teria que apresentar, em 48 horas, um plano de reparação de urgência e um plano de recuperação de áreas degradadas, além de ter sido multada em R$ 390 mil. Já a suspensão das atividades seguirá até que a situação seja regularizada.

"É muito sério o que acontece em Brumadinho, não dá para colocar em risco, mais uma vez nossa cidade. Não vamos tolerar descaso com o meio ambiente e com a segurança da população de Brumadinho", disse o prefeito Gabriel Parreiras.

"Nossa cidade ainda sofre com as consequências do crime da Vale, e não podemos permitir que novas irregularidades coloquem em risco a vida das pessoas e o equilíbrio ecológico", afirmou o secretário de governo, Guilherme Morais.

Vale ressaltar que a paralisação das atividades não representa um obstáculo definitivo para os trabalhadores da mineradora. Basta que a empresa cumpra as exigências para que todos possam retornar ao trabalho com segurança e dentro da legalidades."