Hemominas em estado crítico: escassez de sangue compromete atendimentos em hospitais da região
- Moisés Oliveira
- 6 de fev.
- 3 min de leitura

A rede pública de saúde de Belo Horizonte enfrenta um colapso no atendimento de cirurgias ortopédicas de urgência, com uma demanda diária de 100 procedimentos, número três vezes superior ao considerado ideal. Esse cenário crítico se agrava devido à escassez de sangue na Fundação Hemominas, responsável pelo abastecimento dos hospitais da capital. A crise atinge diretamente pacientes que necessitam de transfusão sanguínea para procedimentos emergenciais, resultando no adiamento de cirurgias eletivas e na sobrecarga dos hospitais. Em Brumadinho, onde muitos pacientes dependem da rede SUS de Belo Horizonte para tratamentos complexos, a situação também preocupa.
O Hospital da Baleia, a Santa Casa BH e o Hospital Risoleta Neves estão entre as instituições mais afetadas pela limitação do estoque de sangue. Essas unidades são referência para a realização de cirurgias ortopédicas, procedimentos oncológicos e internações em CTIs. A Hemominas confirmou que tem priorizado atendimentos emergenciais, recomendando que as equipes médicas utilizem métodos alternativos para reduzir a necessidade de transfusões em casos não urgentes. O impacto da crise se reflete na vida de pacientes que aguardam procedimentos como transplantes de medula óssea e cirurgias complexas, que agora enfrentam longas filas de espera.
A escassez atinge principalmente os tipos sanguíneos O positivo e negativo, além de outros tipos raros. Pacientes com presença de aloanticorpos, que dificulta a compatibilidade sanguínea, enfrentam ainda mais obstáculos para garantir a transfusão necessária. A Agência Transfusional do Hospital Risoleta Neves relatou que recebe comunicados diários da Hemominas sobre a escassez, forçando um esquema de redistribuição das bolsas entre setores críticos como pronto-socorro e bloco cirúrgico.
O médico Diogo Sabido, cirurgião ortopédico que atua no Hospital da Baleia e no Maria Amélia Lins, afirma que já precisou adiar cirurgias devido à falta de reservas adequadas de sangue. Ele explica que a decisão de suspender um procedimento não é fácil, mas se torna necessária diante da gravidade da situação. Na Santa Casa BH, a médica Melina Naves destaca que a prioridade absoluta é garantir a segurança dos pacientes, o que tem levado ao remanejamento de cirurgias para momentos de maior disponibilidade sanguínea.
No Hospital da Baleia, onde são realizadas cerca de 420 transfusões mensais, a situação se torna ainda mais preocupante. A gerente ambulatorial e de serviços de diagnóstico, Rafaella Matos, afirma que a equipe médica prefere adiar procedimentos do que arriscar realizar uma cirurgia sem a garantia de bolsas suficientes. A dificuldade em assegurar o estoque mínimo impacta diretamente tratamentos essenciais, incluindo os de pacientes oncológicos e portadores de doenças renais.
A Hemominas reforça a importância da doação de sangue e convoca a população a contribuir para a recomposição dos estoques. O período pós-festas e as férias escolares tradicionalmente resultam em queda no número de doadores, comprometendo o atendimento hospitalar. Homens podem doar até quatro vezes por ano, com intervalo de 60 dias entre as doações, enquanto mulheres podem doar três vezes no período de 12 meses, respeitando um intervalo mínimo de 90 dias.
Os moradores de Brumadinho, muitos dos quais realizam tratamentos em Belo Horizonte, podem fazer a diferença ao se tornarem doadores regulares. Para agendar uma doação, é possível acessar o site da Hemominas e escolher a unidade mais próxima. Cada doação pode ser direcionada a um hospital específico, ajudando a salvar vidas e garantir que cirurgias essenciais não sejam canceladas por falta de sangue.
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