
A disputa entre preservação ambiental e exploração mineral ganha mais um capítulo em Minas Gerais, desta vez envolvendo o município de Moeda, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Embora a cidade tenha legislação que proíbe a mineração, seus limites estão sendo diretamente impactados pela operação da Mina Várzea do Lopes, administrada pela Gerdau, em Itabirito. O plano de expansão da mineradora prevê a exploração de uma área equivalente a oito campos de futebol dentro do território moedense, gerando preocupação entre ambientalistas e moradores.
Moeda é uma das poucas cidades da região que não baseia sua economia na mineração, apostando no turismo ecológico e na agricultura familiar como principais fontes de renda. O município está próximo ao Monumento Natural Estadual Serra da Moeda, uma área protegida rica em nascentes, fauna e flora nativas. Entretanto, a proximidade com as operações da Gerdau tem levantado alertas sobre os impactos ambientais e sociais que a extração mineral pode trazer para a região.
Desde 2012, o Plano Diretor do município proíbe qualquer tipo de atividade minerária em seu território. No entanto, a expansão da Mina Várzea do Lopes ameaça essa proteção. Ambientalistas apontam que a atividade pode comprometer nascentes locais, reduzir áreas de preservação e gerar danos irreversíveis ao ecossistema. Além disso, a retirada de grandes volumes de água do lençol freático para a mineração pode afetar a disponibilidade hídrica da região, gerando impactos também para cidades vizinhas.
A Gerdau começou a operar a mina em 2006, após obter autorização do governo estadual. Dois anos depois, a Justiça suspendeu essa permissão, exigindo estudos detalhados sobre os impactos ambientais da atividade. A empresa cumpriu as exigências e, em 2013, firmou um novo acordo para aumentar sua produção de minério de ferro. Contudo, os impactos ambientais da expansão continuam gerando controvérsias e resistência local.
Moradores de Moeda e organizações ambientais têm se mobilizado para barrar o avanço da mineração. Cléverson Vidigal, um dos líderes desse movimento, documenta há anos a ocupação minerária na Serra da Moeda, alertando sobre os riscos que a atividade pode causar ao meio ambiente e ao turismo local. Segundo ele, a mineração não é compatível com a vocação da cidade, que prioriza a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.
O embate entre preservação e exploração mineral também chegou à esfera política. Nos últimos anos, diferentes propostas de alteração nos limites das áreas protegidas foram apresentadas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, algumas delas visando liberar territórios para a mineração. Apesar das pressões, projetos desse tipo têm enfrentado forte oposição de ambientalistas e da população local.
A Gerdau, por sua vez, afirma que todas as suas operações seguem a legislação vigente e que qualquer expansão dependeria de mudanças legislativas que não estão em discussão no momento. No entanto, o histórico de tentativas da empresa de ampliar suas atividades na região mantém os moradores em alerta.
A Serra da Moeda é um dos últimos refúgios naturais da Região Metropolitana de Belo Horizonte, servindo como divisor de importantes bacias hidrográficas e abrigando uma biodiversidade única. Para os defensores da preservação, manter a integridade dessa área não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica e social, garantindo um futuro sustentável para a região e para as gerações futuras.
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