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Exploração do Aquífero Cauê pela Coca-Cola preocupa comunidades em Brumadinho

Foto - Guilherme Bergamini

A visita da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ao Igam, na última sexta-feira (8), trouxe à tona preocupações sobre o impacto da exploração do aquífero Cauê, em Itabirito, por parte da Coca-Cola Femsa, concessionária com direito de uso de água na região. A deputada Beatriz Cerqueira solicitou o encontro para obter detalhes sobre as outorgas que autorizam o uso dos poços de água subterrânea, cuja exploração estaria associada à diminuição de nascentes e ao desabastecimento das comunidades vizinhas, incluindo áreas em Brumadinho.

Durante a reunião, o diretor-geral do Igam, Marcelo da Fonseca, relatou que, apesar do monitoramento em andamento, ainda são necessários mais dados para avaliar os efeitos cumulativos da captação de água. Ele mencionou que, além do uso pela Coca-Cola, fatores como a atividade mineradora e o aumento de empreendimentos imobiliários também podem influenciar o nível dos aquíferos, agravando a situação de escassez de água na região. Para ele, as mudanças climáticas e a queda nos índices pluviométricos têm contribuído para essa diminuição, mas é preciso aguardar os estudos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para obter um diagnóstico completo sobre a Serra da Moeda.

A deputada Beatriz Cerqueira destacou a urgência em reconsiderar as atuais regras de outorga de água, que, segundo ela, precisam acompanhar o contexto de mudanças ambientais e sociais. Cerqueira ressaltou que continuará acompanhando o cronograma do Igam, além de promover novas reuniões para verificar o andamento do estudo da UFMG e as ações das autoridades. Ela também enfatizou a importância de avaliar o impacto do uso do aquífero para evitar que a escassez de água comprometa o abastecimento das famílias de Suzana e Campinho.

De acordo com o Igam, a operação de captação de água dos poços identificados como P1 e P2 será ajustada, conforme definido em um termo de ajustamento de conduta no Ministério Público. Para isso, foi estipulado que, até março de 2025, a Saee Itabirito, responsável pela operação, deverá ativar um novo poço (P3), o que permitirá reduzir a exploração dos poços atuais e assim, avaliar as alterações na vazão do aquífero.

O coordenador do Saee Itabirito, Rogério de Oliveira, informou que a empresa está estudando alternativas adicionais de captação em locais como Água Quente, conforme cobrado durante a visita pelo geólogo Ronald Fleischer, da ONG Abrace a Serra da Moeda. Fleischer apontou que a exploração de novas áreas poderia mitigar a pressão sobre o aquífero, o que favoreceria tanto a sustentabilidade ambiental quanto as necessidades da comunidade.

Outro representante da ONG, Cleverson Vidigal, criticou a ausência de estudos conclusivos ao longo dos anos. Segundo ele, as informações sobre a situação hídrica da área vêm de análises pontuais e que, até o momento, não levaram em conta o impacto acumulativo. Vidigal acredita que a falta de transparência na condução das outorgas coloca em risco a sustentabilidade das comunidades e que a situação deve ser reavaliada urgentemente.

Ao final da reunião, a comissão decidiu que a próxima ação será uma visita à sede da Coca-Cola na região, com o objetivo de acompanhar de perto as operações e obter mais informações diretamente com a empresa. Além disso, as lideranças locais continuarão se mobilizando para reforçar a importância de uma gestão equilibrada dos recursos hídricos, que beneficie tanto a população quanto o meio ambiente.

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