O Dia da Consciência Negra, celebrado neste 20 de novembro, passa a ser, a partir de hoje, um feriado nacional no Brasil. A data, que relembra a morte de Zumbi dos Palmares em 1695, representa um marco para a luta e a resistência negras. Reconhecido como líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi é um dos maiores símbolos da resistência contra a escravidão, e seu legado permanece vivo como um lembrete do direito à liberdade e da importância da cultura afro-brasileira.
A transformação da data em feriado nacional foi oficializada pela Lei 14.759/23, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim de 2023. Até então, o Dia da Consciência Negra era feriado apenas em seis estados e em cerca de 1.200 cidades brasileiras. A ampliação do reconhecimento do dia como feriado nacional reflete um esforço legislativo que começou em 2017 com um projeto de lei do senador Randolfe Rodrigues e agora se torna realidade para todo o país.
Em Brumadinho, o Dia da Consciência Negra também tem um significado especial para a população, que busca, nesta data, um espaço para homenagear figuras negras históricas e debater questões urgentes de inclusão e combate ao racismo. Os eventos locais promovem atividades culturais e educativas, destacando a relevância de figuras como Zumbi e o papel dos quilombos como refúgios de resistência e liberdade. É uma oportunidade para que a população local não só reconheça a história e a cultura afro-brasileira, mas também reflita sobre a persistência da desigualdade racial e formas de avançar nessa luta.
Desde 2003, o Brasil conta com a obrigatoriedade de incluir o ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo escolar, uma iniciativa que tem reforçado o entendimento do papel das influências africanas na formação da identidade nacional. Em 2011, a então presidente Dilma Rousseff oficializou o 20 de novembro como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Com o novo feriado nacional, espera-se que a data seja ainda mais reconhecida e respeitada como um momento de reflexão e ação contra o racismo, promovendo discussões que buscam tanto a justiça social quanto a igualdade de oportunidades para a população negra.
Zumbi dos Palmares, líder e símbolo da resistência negra no período colonial, é uma figura que representa a força e o desejo de liberdade. O Quilombo dos Palmares, que ele liderou, abrigou até 20 mil pessoas, sendo uma importante referência de liberdade para escravizados que fugiam dos engenhos de açúcar no nordeste do Brasil. Em 1971, o Dia da Consciência Negra começou a ganhar visibilidade quando o Grupo Palmares realizou um ato em Porto Alegre para relembrar a resistência negra, e, desde então, diversas manifestações passaram a ocorrer em apoio à data. Com o Movimento Negro Unificado (MNU) assumindo a proposta em 1978, o dia se firmou como um marco nacional de luta.
Embora o feriado represente um avanço, o 20 de novembro precisa ser visto como uma data para que as ações contra o racismo avancem. Em Brumadinho e em diversas regiões do Brasil, as comunidades ainda enfrentam desafios diários de discriminação e desigualdade social, temas que devem permanecer em debate e inspirar políticas públicas efetivas. A data, mais do que um descanso no calendário, é um chamado à luta, lembrando que o reconhecimento dos direitos e o combate ao racismo estrutural são urgências que devem ser enfrentadas por todos.
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