Após polêmica, cidade de Moeda pode ser pioneira em reintrodução de araras
- Moisés Oliveira
- 30 de jun.
- 2 min de leitura

A retirada de uma arara-canindé que vivia livremente pelas ruas de Moeda, na região metropolitana de Belo Horizonte, provocou forte comoção popular e gerou mobilização nas redes sociais e espaços públicos do município. O animal, considerado um símbolo da cidade pelos moradores, foi entregue de forma voluntária ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas-MG), em Belo Horizonte, sem aviso prévio à população, o que resultou em críticas à falta de diálogo e transparência no processo.
A ave vivia há cerca de quatro anos circulando entre praças, telhados e árvores da pequena cidade mineira. Era vista com frequência interagindo com adultos e crianças, tornando-se, para muitos moradores, parte afetiva da paisagem urbana. A Prefeitura de Moeda se manifestou afirmando que a entrega foi feita sem consulta pública e classificou a ação como silenciosa e abrupta. Para a administração municipal, a arara representa não apenas um animal, mas um elo com a identidade cultural e ambiental da cidade.
Moradores como Cleide Mara Machado descreveram a ação como insensível e destacaram que o laço comunitário com a ave não foi respeitado. A ausência de diálogo com a comunidade local e a entrega repentina intensificaram a insatisfação. A mobilização já alcança diferentes setores da sociedade, com pedidos para que a arara seja devolvida ao município ou que se inicie um plano para que novos exemplares da espécie possam habitar a região de forma segura e planejada.
Do outro lado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) explicou que a entrega da ave foi realizada no dia 13 de junho por um morador, e que a ave, embora saudável, apresentava sinais de domesticação, o que a tornava inapta para a vida completamente livre. Segundo o órgão federal, araras-canindé são aves de bando e não devem viver isoladas, sob risco de sofrerem estresse e não sobreviverem em ambientes solitários.
O Ibama acrescentou que a arara está sendo alimentada com dieta equilibrada e passará por um processo de reabilitação com outras araras da mesma espécie, o que pode, futuramente, permitir sua reintegração a um grupo e a soltura adequada. Ainda conforme o órgão, embora Moeda tenha registros históricos de araras até o século XIX, atualmente não existem bandos estabelecidos na região, inviabilizando a soltura da ave no local em isolamento.
Em reunião recente entre o Ibama, representantes da Prefeitura e vereadores de Moeda, foi discutida a possibilidade de elaborar um projeto piloto de reintrodução da espécie no município. Caso se concretize, a ação poderá ser pioneira em Minas Gerais, com impacto ambiental e simbólico significativo para a população local.
Apesar de não estar diretamente relacionada ao município de Brumadinho, a comoção em torno do caso reforça o debate sobre a convivência entre humanos e animais silvestres em cidades de porte pequeno e médio, além de acender um alerta sobre a importância da escuta pública em decisões que afetam o imaginário e o sentimento coletivo de uma comunidade.
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