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'ANEL DE GIGES NA POLÍTICA DE BRUMADINHO'

Foto do escritor: Redação Portal IndependenteRedação Portal Independente

Precisamos, uma vez mais, refletir sobre nossas ações, seja na percepção de nossos candidatos escolhidos, seja na relevância que o aspecto moral possa parecer para eles e, consequentemente para nós.

O que buscamos em um candidato, seu reflexo e imagem após receber de nós a garantia por um determinado tempo de nos representar nas esferas administrativas da cidade, se emanam de sentidos e, por eles, também nós agimos de tal forma.

Desta feita, cabe a reflexão trazida em forma de alegoria pelo filósofo Platão no Livro A República que tem valor até os dias de hoje. Assim, a alegoria do Anel de Giges deve ser contado para vocês:

Giges era um pastor a serviço do rei de Lídia. Houve uma grande tempestade e um terremoto fez uma abertura na terra no lugar onde ele estava alimentando seu rebanho. Espantado com a visão, desceu até a abertura onde, entre outras maravilhas, viu um cavalo oco de bronze, com portas. Giges, então, se agachou e viu o corpo de um homem com apenas um anel de ouro no dedo.  Ele pegou o anel e voltou para a superfície.

Com esse anel no dedo, foi assistir à assembleia habitual dos pastores que se realizava todos os meses para informar ao rei o estado dos seus rebanhos. Tendo ocupado o seu lugar no meio dos outros, virou sem querer o engaste do anel para o interior da mão; imediatamente se tomou invisível aos seus vizinhos, que falaram dele como se não se encontrasse ali. Assustado, apalpou novamente o anel, virou o engaste para fora e ficou visível. Logo em seguida, repetiu a experiência para ver se o anel tinha realmente esse poder. Reproduziu-se o mesmo prodígio: virando o engaste para dentro, se tornava invisível; para fora, visível. Assim que teve certeza, conseguiu se juntar aos mensageiros que iriam conversar com o rei. Chegando ao palácio, seduziu a rainha, conspirou com ela a morte do rei, o matou e obteve o poder.

Agora suponha que existem dois anéis desta natureza e o justo recebesse um e o injusto outro. É provável que nenhum fosse de caráter tão firme para perseverar na justiça e para ter a coragem de não se apoderar dos bens de outra pessoa. Afinal, ele poderia tirar sem receio o que quisesse dos mercados e lojas, se introduzir nas casas para se unir a quem lhe agradasse, matar uns, libertar outros da prisão, se tonando igual um deus entre os homens. Agindo assim, nada o diferenciaria do mau: ambos tenderiam para o mesmo fim.

Isso é uma grande prova de que ninguém é justo por vontade própria, mas por obrigação, não sendo a justiça um bem individual, visto que aquele que se julga capaz de cometer a injustiça, a comete.

De fato, todo homem pensa que a injustiça é individualmente mais proveitosa que a justiça e pensa isto com razão segundo os partidários desta doutrina. Pois, se alguém recebesse a permissão de que falei e jamais quisesse cometer a injustiça nem tocar nos bens de outra pessoa, pareceria o mais infeliz dos homens e o mais idiota àqueles que soubessem da sua conduta; em presença uns dos outros, iriam elogiar, mas para se enganarem mutuamente e por causa do medo de se tomarem vítimas da injustiça.

É claro que o exercício do poder, em verificação das leis existentes, põe a balança a tender para o equilíbrio que precisamos.

O fato é que tanto os candidatos como o povo, devem se colocar em uma posição onde o anel de Giges está, durante 4 anos em todos os dedos da sociedade.

Os exercícios morais e éticos devem ser constantes e hábito recorrente, não só nos eleitos, mas sim como nos que elegem.

Assim, a busca da moral não deve ser apenas no dia em que se pratica o sufrágio universal, mas a cada dia em nossa cidade.

Que nossos sejam probos, mas que sejamos dignos também de nossa conduta pessoal para poder exigir o melhor de todos em nossa sociedade.

  

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Marciano Reis

Fiscal Ambiental de Brumadinho, Advogado especialista em Meio Ambiente e Mineração, Técnico em Agropecuária, Bacharel e Licenciatura em Filosofia.

31 9 9889-5915 | marciano.mrm@gmail.com


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